Confrários!: Neologismo utilizado pelos participantes da Confraria, nascido da junção das palavras confrades e revolucionários!

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Inaiê Reis de Andrade - Futuro

FUTURO
(Inaiê Reis de Andrade)

Na juventude, cheios de esperança,
Nós fazemos planos para o futuro,
Como num sonho ingênuo de criança: -
Sonho sem mácula, singelo e puro...

Esperamos por ele. E o tempo avança.
O dia-a-dia torna-se mais duro.
...
Parece mais distante e mais escuro,
Como o horizonte, que ninguém alcança.

E, numa frustração vazia e triste,
Nós descobrimos que ele não existe.
Não há mais nada esperando lá fora...

Futuro é criação do pensamento;
Não há nada pra lá deste momento.
Futuro é uma ilusão: - ele é AGORA!...

Inaiê Reis de Andrade - Enigma

ENIGMA
(Inaiê Reis de Andrade)

E vim pelos descaminhos
Para encontrar um rumo;
E entrei nas sendas da morte
Para buscar a vida;
E embrenhei-me na noite
Para achar o dia;
E mergulhei no ódio
...
Para vislumbrar o amor;
E fiquei à espera
Para chegar primeiro!...

Inaiê Reis de Andrade


Inaiê Reis de Andrade, mineiro.


Participou de uma antologia da Confraria dos Poetas:

-"III Antologia - Confraria dos Poetas"

José Eduardo Mendonça - Umbra Umbela

UMBRA UMBELA
(José Eduardo Mendonça)

Debaixo de teu guarda-sombras estão:
Borrascas, tempestades,
Corpo cheirando após a chuva,
Uma nota de um real amarfanhada onde alguém escreveu:
Que Deus me proteja, em quase incompreensível garatuja;
Um luar que range como se estivesse enferrujado
de tanto ficar parado no mesmo lugar,
...
A fertilidade de teu ventre,
Pirilampos tingindo todas as tuas noites mal dormidas,
Cupins a desesculpir teu leito,
As ilusões perdidas, os sísmicos abalos
que as fraturas de teu solo provocam,
O hálito neutro da manhã tornado vento
E que o braseiro de teus lábios traduz no mais
desejado beijo de uma vida;
fotografias desbotadas, notas dissonantes, harmonias tortas
a se compor disparatadas e soar como um outono,
folhas a cair milimetricamente ao pé dos plátanos
(que nem sequer existem fora dos romances),
florilégios de uma corte decadente e distante e perdida
que olhos num esgar decifram em hieroglifos,
sentidos múltiplos da mesma escrita;
mesas de bares, beiras de lagos e afetos,
arquiteturas que fazem olhar os céus
onde as constelações se descortinam a não nos revelar nada;
dedos finos, longos, a se incrustar em minhas costas,
em suas doces trilhas indeléveis;
arfar que se desconhecia em noites surpresas
da magia de gozos indecifráveis;
murmúrios, sussurros, palavras ditas que teimam
em jamais se repetir, inclusão de auroras, membros dormentes, peixes olhando paredes de aquários acostumados a nada transpor,
desenhos animados, fantasias, balões pisados no fim da festa,
comemoração que nunca finda, bolos dormindo nas geladeiras para o café da manhã que não virá,
eu tremeluzo, me inflo e abundo
nesta animação tanta e inúmera que tu és.

José Eduardo Mendonça - Quase Tudo Em Você Que Eu Amo

QUASE TUDO EM VOCÊ QUE EU AMO
(José Eduardo Mendonça)

Os sulcos quando você franze a testa.
Tuas mãos.
O bater de cílios que faz ventar a folha de papel onde eu tentei
em vão escrever um poema.
Teus pés inertes e incomodados.
Tuas mãos que sempre espalham pelas mesas lacres de cigarros,
palitos de fósforo e uma tristeza funda vinda de alguém
...
que nem sequer é triste.
Teus lábios que abraçam a beira de um copo.
A gola de teus improvisados agasalhos.
Teu pescoço comprido como um quadro de Modigliani.
Teu olhar comprido como o mundo e além dele.
Tudo que eu não digo.
Tudo que eu não tenho mais como dizer.

José Eduardo Mendonça


José Eduardo Mendonça, 61 anos, paulista.


Participou de uma antologia da Confraria dos Poetas:

- "III Antologia - Confraria dos Poetas"

Claudia Viana - Mulher Quatro Elementos


MULHER QUATRO ELEMENTOS
(Cláudia Viana)

Ela contém toda natureza
Em toda forma de beleza
Fogo, terra, água e ar
Na sublime arte de amar

Seu fogo a queimar lençóis
Queima baixinho quando está a sós
...
È labareda a queimar em gozos
Dos seus amantes e de vários moços

Águas tranqüilas de manancial
Matando a sede de todo mortal
E a fome matinal dos seus amantes
Famintos pela noite de ontem

É o ar que entra pulmões a dentro
Na ofegante entrega de agora
É o gozo quente a deitar na terra
Dos amores feitos sobre a relva

Que sepulta os risos, a ternura
Os gozos, segredos, verdades
E as mentiras das promessas não cumpridas
E que faz ressuscitar um fio de esperança

Num fogo a arder por outro
Na água que apaga o fogo
No ar suspiro a suspirar por outros
Que volta a terra pra nascer de novo.

Claudia Viana - À Sombra da Amoreira

À SOMBRA DA AMOREIRA
(Cláudia Viana)

Eu sei que o futuro não pertence a mim
A gente tá sempre começando do fim
O passado muda a nossa percepção,
mas não muda o desejo do coração.

E eu penso: “o que fazer agora
se quem eu amava foi embora?”
...
E eu não consigo apagar essa luz,
que, do passado pro futuro, me conduz.

Olho o pé de amora e, sob sua sombra,
mil devaneios me invadem os sonhos
E, tirando você de mim, nada mais me sobra
Esse presente sem passado e sem futuro.

Eu não sei me desgarrar de mim
Por isso sou tão apegada a você
Mas sei que não é tão fácil assim
viver o meu agora com você.

Quero esmagar amoras com a língua,
como se fosse a sua coisa linda
derretendo-se ao sabor do beijo meu,
adoçando a minha boca no lábio seu.

E deixar os sem alma lá fora
E a tristeza atrás da porta
Ser feliz é o que mais importa
Se é pra ser, que seja agora. “Vambora!”

Claudia Viana


Claudia Viana, 43 anos, capixaba (ou espírito-santense).


Participou de uma antologia da Confraria dos Poetas:

-"III Antologia - Confraria dos Poetas"

Raquel Negrão - Viagem

VIAGEM
(Raquel Negrão)

O tempo é amor
O tempo é dor
Tempo que quer correr
Só,
Tempo que é vento
Tempo que é sentimento
Tempo que precisa nascer.
...

Tempo que precisa passar sem passagem
Sem duvidar da viagem
Só,
Tempo que precisa sofrer.

Enfim,
Não se encontra o fim
Do que não existe
Do tempo que a dor persiste
Do tempo que insiste em deixar de ser.
Tempo que não é triste
Tempo que em vão se omite
Tempo que faz crescer.
Só,
Solitário
Tempo que segue viagem
Sem despedida ou miragem
Tempo que tem que ser
E acaba na dor
E omite a cor
Mas não permite
Flor do tempo, amor, morrer.

Raquel Negrão - Não Basta

NÃO BASTA
(Raquel Negrão)

Basta viver!
De viver não basta!
Não,
De não viver, basta!
Arrasta o céu
Céu que o sorriso arrasta
Enquanto estrela cai, Cometa passa!
...

Gasta a tua vida
Vive e não embaça
Vida só, não!
Só não gasta com poeira e traça!

Laça a tua lua
Lua não engana a massa.
Enquanto vive, Não!
Não só come e pasta!

“Engraça” tua vida
Vive e brinda a taça
Vida livre é vida
E livre vida é vasta!

Basta viver vida
Vida não é casta!
Arrasta a lua, Gasta o céu,
O cometa amassa!
Laça a vida, vida abraça.
Viver de vida besta, Basta!

Raquel Negrão


Raquel Negrão, 31 anos, carioca.


Participou de uma antologia da Confraria dos Poetas:

- "III Antologia - Confraria dos Poetas"

Bruna Barbosa - Uma Tarde


UMA TARDE
(Bruna Barbosa)

Como descrever o paraíso,
algo que só se pode sentir.
Traduzir em palavras o seu sorriso,
e ver este momento se esvair.
Seria como descrever o gosto do mar
ou os raios de Sol.
Para conhecer é preciso mergulhar
...
e enroscar-se neste anzol.
Como descrever o seu calor
percorrendo os meus caminhos.
Poucos segundos desse amor
e não me sentiria mais sozinho.
Seria como descrever o luar
em uma noite serena.
Nossos corpos a repousar
em uma cama pequena.
Como descrever o seu perfume,
ou o brilho do seu olhar.
Um estranho costume
e eu poderia me apaixonar.
Não há como descrever,
apenas se sente.
Mas como é bom poder viver
contigo este presente.

Bruna Barbosa - Presente


PRESENTE
(Bruna Barbosa)

Porque me tomas tão depressa,
como uma brisa no verão?
Ai de mim, uma pequena peça
escorregando por entre as suas mãos.
Teu sorriso quebra a minha armadura
teus olhos transparecem a sua alma.
Dentre tudo, este sentimento perdura,
...
trazendo-me calma.
Teu gosto ainda está em minha boca
teu perfume ainda é presente.
Com uma doce voz rouca,
peço que não desistas da gente.
Trago-te para perto de mim
transformo em realidade o meu sonhar.
Torna-se inevitável, enfim,
a felicidade de poder te amar.
Como um sol, iluminas meu dia,
floresces meu mundo.
Este amor que me contagia
e tu te tornas o meu tudo

Bruna Barbosa


Bruna Barbosa, 22 anos, paulista.


Participou de uma antologia da Confraria dos Poetas:
- "III Antologia - Confraria dos Poetas"

Francisco Hawlrysson - Uma Passadinha sem Volta

UMA PASSADINHA SEM VOLTA
(Francisco Hawllrysson de Sousa)

Vão ali meus sonhos
mais uma vez
noutro bonde de porcelana.
Todos os meus carnavais que formam meu corpo
todos as minhas vinganças que vêem nas minhas pálpebras,
e fundem na raposa,
também estão nele.
...

Ali também vai
os devaneios de um homem
que quando vira criança
faz dessas transformações
uma chuva fina que chega
e corta.

E já sobre o trecho mais perigoso da viagem
já chegando à ponte de sonetos
dar de escutar o canto meloso das virgens.

Um canto de felicidade ao verem a minha apatia
ao verem eu partir.
Na partida sem volta.

Francisco Hawlrysson - A Casa das Máquinas

A CASA DAS MÁQUINAS
(Francisco Hawlrysson de Sousa)

Num mundo tão moderno e heterônimo
já se pode quase tudo
já copiamos ovelhas
já copiamos vacas
e até bebês.
só não copiamos sentimentos – (ainda)
isso seria o fim.

Francisco Hawlrysson

Francisco Hawlrysson, 29 anos, piauiense



Participou de duas antologias da Confraria dos Poetas:- "Confraria dos Poetas - II Antologia"
- "III Antologia - Confraria dos Poetas".

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Lançamento Nacional "III Antologia - Confraria dos Poetas"

Também transmitiremos, ao vivo, através do Blog!


Marcos Água: Subconsequente


SUBCONSEQUENTE
(Marcos Água)

Na finitude do não ser,
onde se divide o semiespaço,
onde o divino faz compasso
no infinito do nada fazer

Onde choque é revertido
por espelhos sem reflexo,
por medos sem nexo,
onde morte é divertido

Tal que o som é reluzente
Lá tanto onde tudo há volta
Lá tanto onde no frio há escolta
Tal que o sol é demente

Na finitude do não ser,
onde choque é revertido,
tal que o som é reluzente
na loucura de minha mente

No infinito do nada fazer,
onde morte é divertido,
tal que o sol é demente
na insanidade do subconsequente.

Marcos Água: Partida


PARTIDA
(Marcos Água)

TUM,TUM,TUM
Rufam os tambores
A hora da partida
Nem sempre antecede a chegada

POW,POW,POW
Rufam os tambores
Não se escutam mais os homens
Novamente, calídos e febris

Quartafeira
Frio é vicio do álcool
Do aforriado do capital

No terreiro
Não se escuta maria
Como se não houvesse quintal, estrela ou  céu

Marcos Água


Marcos Água, 18 anos, paulista.


Participou de um antologia da Confraria dos Poetas:
- "III Antologia - Confraria dos Poetas"

Johnny Walkman: O Tempo


O TEMPO
(Johnny Walkman)

O tempo ponha o tempo
dentro do seu próprio tempo
se no caso o tempo exigir mais tempo
de um pouco mais de tempo para o tempo
que conforme o tempo o tempo
vai dizer quanto tempo ele precisará
para seu próprio tempo
se for de mais o tempo
quem vai dizer é o próprio TEMPO

Johnny Walkman: Na Contramão


NA CONTRAMÃO
(Johnny Walkman)

Fujo de um mundo onde o dedo indicador
vem na contramão dos meus passos,
vou junto com as areias da ampulheta,
que vai se cumprindo,
entro no último livro de um livro eterno,
inverno… trago a primavera num solo sem semente.
a mente semeia para não morrer,
culpa da distância da ida, que não voltou a tempo,
o vento traz o último voo do falcão que me caça,
a farsa que atrai, na tentativa de trair minha índole,
síndrome que satisfaz o ego
vivam as ilusões…

Johnny Walkman


Johnny Walkman, 26 anos, paulista.


Participou de um antologia da Confraria dos Poetas:
- "III Antologia - Confraria dos Poetas"

sábado, 1 de setembro de 2012

Release: "III Antologia - Confraria dos Poetas"


Release:

"III Antologia - Confraria dos Poetas"
Por Luciane Toledo


É setembro e, antes que a primavera se faça em cores, a *Confraria dos Poetas, entidade que reúne amantes da poesia de todo o Brasil, presenteia o público com uma policromática edição. Sua III Antologia é fruto da reunião de 22 poetas de diversas partes do país, com diferentes estilos e estéticas, alguns com obras já publicadas, outros estreantes. Uma profusão de temas e sensações. Sob esse perfil miscigenado, a publicação, que embora seja impressão preta em 256 folhas brancas, mistura as tintas da contemporaneidade com o desejo de se expressar na paleta multiforme da cultura nacional. O resultado é uma considerável mostra da produção literária atual.

Diversidade é a palavra de ordem da Antologia. Diversidade de autores, entre os quais é possível encontrar o jornalista, o estudante secundário, o rapper, o universitário, o servidor público, o professor, o filósofo, o revolucionário, o artista plástico, o blogueiro, o twiteiro. Gentes de todos os tipos. Os diferentes unidos, democraticamente, pela cumplicidade com a percepção apurada de um mundo em alta velocidade de transformação. A busca do diverso foi mesmo o norte para a seleção dos participantes da III Antologia. "A prioridade foi a diversidade de estilos e conceitos estéticos. Trabalhamos com a diversidade territorial também", atesta o presidente da Confraria dos Poetas, Éric Meireles de Andrade, também presente na III Antologia.

Na obra o público vai passear entre contrastes, alternando cenários urbanos e bucólicos, sentimentos de amor e de revolta, a natureza e o artifício, a liberdade e o trabalho, o sonho e as mazelas humanas, o saudosismo e a crítica social, o clássico e o iconoclasta. Tudo no caldeirão borbulhante da potência da palavra, com as quais certamente o leitor vai se identificar.

A proposta da Confraria é escancarar as gavetas da produção poética, estimulando a leitura e popularizando a prática. Segundo Éric Meireles, "mais que reunir poetas, a Confraria veio para valorizar o poeta vivo, que tem a dificuldade em editar seus livros e apresentar sua lírica". Nesse sentido, é objetivo da organização alinhar a produção literária com políticas públicas. "Nesta III Antologia, conseguimos o apoio da secretaria de Cultura de Marília, que viabilizou a participação de 10 poetas da cidade e receberá como contrapartida, quantitativo de livros para as bibliotecas das escolas municipais", explica.

Iniciativas como estas, apontam para um futuro promissor. Para além dos limites do livro, o lançamento da III Antologia ainda vai contar com uma novidade. Todo o evento será transmitido ao vivo através do blog da Confraria do Poetas (www.confrarios.blogspot.com.br). O que atesta, mais uma vez, o intercâmbio de linguagens e a sintonia dos poetas com a modernidade. E, se é da inquietude que nasce a poesia, certamente ela será sempre tão viva quanto o pulso de quem a faz.

Novas Propostas da Confraria
Um dos grandes problemas do artista, do escritor é exatamente sair do mundo criativo para o mundo prático, quando se trata de gerir a produção cultural e torná-la acessível ao público. Neste ponto a Confraria dos Poetas se apresenta como parceira estratégica. "Hoje queremos incentivar a organização dos Poetas, através das 'Ágoras Poéticas' que pode ser uma organização poética de uma cidade, de um bairro, de uma rua, de um grupo de amigos de internet ou qualquer lugar que haja mais de três poetas se comunicando, falando e escrevendo poesias. Além das 'Ágoras Poéticas', temos alguns projetos de políticas publicas, como realizar a Capital Brasileira de Poesia, a distribuição de nossas antologias em todas as bibliotecas publicas do Brasil", aponta Éric Meireles.

O lançamento da III Antologia acontece no próximo dia 13 de setembro, na Casa das Rosas, Av. Paulista, 37, Bela Vista, às 19h.
III Antologia (RG EDITORES): $25,00
Mais informações: confrariadospoetas1@gmail.com

* A Confraria dos Poetas é uma OSCIP nacional de poetas e amantes de poesia, que nasceu em 2004, em São Paulo. Já realizou 2 antologias nacionais - com 6 lançamentos em todo o Brasil, 3 saraus (Sarau do Genestra e o Sarau em parceria com o Cineclube da Augusta e o Café DuCélio) e um curso de Poesia Falada no Clube da Cidade Raul Tabajara, em 2005.

Leandro Custódio - Sem título


Leandro Custódio - Estética Irrefletida


ESTÉTICA IRREFLETIDA
(Leandro Custódio)

Na batalha final do último pesadelo,
Um rapaz dormia em frente ao espelho.
E seu Reflexo, que ontem ele observava,
Estava morto, e lá, já não mais estava.

Sete dias. Acordou então nesta hora.
Perguntando: O que faço nesta cova?
E arrancando pétala por pétala,
Aos poucos sua alma se levantava
E sua carne rapidamente apodrecia.

Então um anjo concedeu-lhe
Um desejo: Voltar à casa do espelho,
Que a pouco, não mais o refletia.
Para saber toda a verdade.
- É o Pesadelo refletindo a realidade -

Na casa agora abandonada
Pensou: Estou vivo?
Onde está minha imagem?
Onde está meu brilho?

E o moço nessa melancolia,
Percebeu que sua vida,
Havia sido apenas uma vida,
E seu corpo... Um mero corpo.

Sendo assim sua queixa derradeira
Em frente ao maldito espelho
Que todas as manhãs lhe mostrava:
Tão alegre. Tão belo. E forte!

Leandro Custódio

Leandro Custódio, 23 anos, paulista


Participou de um antologia da Confraria dos Poetas:
- "III Antologia - Confraria dos Poetas"

Tiago Tellini - Círculo Vicioso de Poucas Palavras


CÍRCULO VICIOSO DE POUCAS PALAVRAS
(Tiago Tellini)

Leio, leio, leio…

me entorto
Arrepio frio
sinto, adentro,
o gosto quente do seu rosto.

— Essas suas letras salgadas salpicadas ardentes, numa
frase só.

De culpado,
me vejo inocente
condenado a parágrafos
carregados de vírgulas de Adeus,
mas sem um ponto-final.

Leio, leio, leio…

Tiago Tellini - Cabeça de Limão


CABEÇA DE LIMÃO.
(Tiago Tellini)

No passo rápido
descasco idéias
deixando um
rastro retrato
espalhado pelo chão.

Disfarço-me de azedo
Encontrando aconchego
Na brisa fresca
Das cores do seu nome

E a casca palavra
Meu alivio, salta nesta folha
aquece o sonho
os forrando com retratos

Quero fugir deste mundo
Vermelho de sangue quente
Que nos corrompe até em sonhos

Tiago Lisboa Tellini


Tiago Lisboa Tellini, paulista


Participou de duas antologias da Confraria dos Poetas:
- "Confraria dos Poetas - Uma Antologia"
- "III Antologia - Confraria dos Poetas"

Daiane Portela - prATO DE mÚSicA

prATO DE mÚSicA
(Daiane Portela)

Não sei dizer,
Desde sempre esteve ali...
Eu ouvia o tilintar de algum metal,
E me esquecia da fome,
Que imperava no armário.

Foi assim,
Aquela melodia, entrava dentro de mim,
Me possuía, me invadia...
E então remédio, era como se fosse.

Adormecia o estômago,
E eu, reles trapo de gente,
Me sentia uma donzela,
Ao tocar o instrumento,
Tão suave e estridente,
Que curava tal mazela.

Nunca fui de repertório,
Muito menos estudar,
Mas por mais bizarro que pareça,
O destaque sempre foi,
O revés do almejar.

Lembro-me,
Melodicamente,
Do dia em que
Não pude pagar,
Por uma opinião maestral.

Pois veio então,
Nobre mentor,
Que tirou-me o horror,
E me deu a esperança,
De a salvação herdar.

E de quarenta cabeças,
Fui eu a lisonjeada,
Com o talento promissor,
De que nem sabia o significado.
Mas gostava da palavra.

E assim de fino modo, minha fome sonora saciei.

Daiane Portela - Espectra Societas


ESPECTRA SOCIETAS
(Daiane Portela)

Ironia do intestino.
Ultimamente,
Eu na era dos testes,
Seleções suspeitas.

Só tenho levado,
---Nãos!
Mesmo tirando,
As melhores notas.

Mesmo tendo o melhor,
desEMPENHO.
O que é que há?
Não sou padrão?

Ah sinto muito,
Se não tenho
Um currículo,
Bem torneado.

Se não tenho
Conduta
Tão polida.
E sou ferida.

Nesta sociedade,
Tão ilibada.
De modelos
Magrelos sem intensidade.

Como a angústia,
Que me incomoda.
Com irônicas
Acontecidências.

O que é que há?
Não quero um veredito,
Quero o que me é de direito.
Um lugar ao soul.

Não querem,
Ninguém que subverta.
A vinheta da
Intransição.

Sou um jovem
Sem perdão.
Sem oportunidade?
Isso não!!!

Daiane Cristina Portela

Daiane Cristina Portela, 24 anos, paulista


Participou de uma antologia da Confraria dos Poetas:
- "III Antologia - Confraria dos Poetas"

Ramon Franco - Porto


PORTO
(Ramon Franco)

Sumidô e redemoinho

O mito da
volta.
um dia todos
voltam;
nem que sejam em
forma de dó
de vento
de pó

O mito
um dia
volta

forma

vento

Ramon Franco - O Almirante


O ALMIRANTE
(Ramon Franco)

Ninguém mais
Vai apanhar

Mote, motim
Chibata, sem-fim

Respeito
João

Mote, motim
Chibata, sem-fim

Revolta
Marujos

Mote, motim
Chibata, sem-fim

Respeita
João

Voz dos marujos
Almirante das almas

Candura guerreira
Independente almirante

Punição,
Esquecimento

Mote, motim
Chibata, sem-fim

Ramon Barbosa Franco


Ramon Barbosa Franco, 42 anos, paulista

 (Foto de Edio Junior)

Participou de uma antologia da Confraria dos Poetas:
- "III Antologia - Confraria dos Poetas"