OS SAPATOS
Ainda consigo recordar como eram os dias dentro dos meus sapatos.Eram como mulheres: instáveis, de natureza fervilhanteporém necessárias.
Ainda posso
tocar aqueles dias
mas só em pensamentos.
Ainda recordo aqueles dias
com certa plenitude e com certa ressalva nas mãos.
Ainda lembro
os galhos da árvore pálida
que dormia na frente da minha casa.
Lembro também
dos amigos, dos professores,
do cuscuz e o cheiro forte de sonhos.
Lembro
do quintal, do varal
e da pipa que empinava com a linha fresca.
Lembro também
das meninas tomando banho
com aquelas blusinhas brancas
e das primeiras aventuras no meio do mato enquanto eu dormia.
Lembro-me das ruas sempre caladas
do cais, das putas, dos vestidos de bordado das mulheres fiéis
das separações e também lembro da minha imagem
refletida nas águas, nos vidros e nos olhares das pessoas que me cercavam.
Aí, vem o tempo
e suas dúvidas
e me dá um dom.
Vem as decepções
e suas peles rosadas
e me dão sentimentos.
Vem a vida e seus pecados
e me dão ensinamentos.
Vem os homens e sua mecânica
e sem pedir licença
acordam a árvore pálida,
esmigalham o cuscuz
e abafam o cheiro forte dos sonhos
dos mesmos homens
que um dia foram essas crianças.
tocar aqueles dias
mas só em pensamentos.
Ainda recordo aqueles dias
com certa plenitude e com certa ressalva nas mãos.
Ainda lembro
os galhos da árvore pálida
que dormia na frente da minha casa.
Lembro também
dos amigos, dos professores,
do cuscuz e o cheiro forte de sonhos.
Lembro
do quintal, do varal
e da pipa que empinava com a linha fresca.
Lembro também
das meninas tomando banho
com aquelas blusinhas brancas
e das primeiras aventuras no meio do mato enquanto eu dormia.
Lembro-me das ruas sempre caladas
do cais, das putas, dos vestidos de bordado das mulheres fiéis
das separações e também lembro da minha imagem
refletida nas águas, nos vidros e nos olhares das pessoas que me cercavam.
Aí, vem o tempo
e suas dúvidas
e me dá um dom.
Vem as decepções
e suas peles rosadas
e me dão sentimentos.
Vem a vida e seus pecados
e me dão ensinamentos.
Vem os homens e sua mecânica
e sem pedir licença
acordam a árvore pálida,
esmigalham o cuscuz
e abafam o cheiro forte dos sonhos
dos mesmos homens
que um dia foram essas crianças.
Francisco Hawlrysson
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