PORTA-RETRATO
És feia
a doce imagem
que vejo no espelho.
é um homem
sem os pés
e de meia altura.
é um
reflexo casto
como roupas escuras.
é uma
alma sem rumo
querendo bravura.
como
já não pode
mais sorrir
enganar-se
em delírios.
o riso de canto
resulta nesse
homem
sem brio
sem forças.
vive um
instante falso
que lhe impõe
a sociedade intrínseca.
vive os
amores infantis
que nunca tivera.
acordo assim,
com o corpo esmaltado
que se traduz no palpitar
do pescoço acelerado.
Os olhos
de espanto e malquistos
registram na porta-retrato
a falta da minha imagem que até ontem existia.
Francisco Hawlrysson
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