Foto "Serra Azul", de Tadeu Fessel. |
EMPINADA
A serra não esconde suas curvas.
Sem vergonha exibe sua exuberância.
Sua silhueta contrasta com o céu e linda paisagem enche os olhos.
Após uma descida lá no fundo sobe como montanha russa...
Duas grandes luas, lado a lado, se encontram num beijo...
Um vale entre as duas, cheio de segredos e surpresas.
No meio do vale entre as luas uma gruta.
Escondida em silêncio misteriosa.
Uma gruta encantada, penetrar lá é chegar ao paraíso perdido.
A terra prometida de Fawcet.
O éden, de onde não deveríamos ter saído por comer uma maçã.
É alcançar o nirvana.
É entrar nos jardins de Epicuro.
Após a gruta uma nascente...
Cheia de vida.
Uma pequena relva a cobre, samanbaias com as folhas crespas.
No cume assim e depois a folhagem se escasseia e dá lugar a paredes viscosas
[que escorrem.
Sempre quente e úmida, delícia de se embrenhar, descobrir, deliciar...
Quando chove escorre mais e mais...
O cheiro de chuva entorpece, emudece.
Suas águas escorrem na serra pelada, entre as luas, no vale...
Ali empinada a serra esconde suas maravilhas,
Empinada desenha no céu sua silhueta e enche os olhos...
Caminhando pela descida profunda encontro as duas luas se beijando e empinada
[revela o vale, a gruta, a nascente.
Alexandre Rauh
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