Desenho: Wander Porto |
___PASSIONAL___
Agora,
Quero galopadas de gado tonto
Faiscando brasas
Nas patas do asfalto
Entre os corpos passageiros,
Quero
Troncos rolando encostas
No rumo das grandes praças públicas
E repúblicas em multidão;
Agora,
Quero armas engatilhadas
No salutar cotidiano
De cada criança ajardinada
Nos maternais de chumbo;
Agora
Quero a torpeza cicatrizada
Na cara de cada pivete enluarado
Enquanto amam, brutalmente,
Suas pequenas companheiras,
As ladras;
Agora,
Quero a dor da pedra quando bala
Na direção do pássaro,
Nos pomares e nos quintais,
E quero
O pássaro sangrante
E de asas partidas
Para o voo dos amantes;
Agora
Anseio por altares de lodo
Em cada templo dos homens
Sagrando as nulidades,
Santificando o Perverso,
Endeusando o Khaos:
-Quero a Farsa como Doutrina,
-Quero a Doutrina como crença,
-Quero as dores como rezas,
-Quero o medo como milagre e,
Finalmente,
Quero o triste como exemplo
Para essa sinistra confraria
De morcegos nacionais
Que se alimenta de vergonhas
E tão somente das vergonhas
De seus Crimes Sociais.
Wander Porto
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