ÁFRICA
As lágrimas que choraste hoje me pertencem
As dores que sentiste hoje são minhas
O sofrimento que um dia foi teu hoje é meu,
As humilhações que sofreste ainda hoje as sofro.
Sou o passado sofrido de um povo,
Sou as esperanças esquecidas na travessia da Calunga Grande,
Sou a garra da África brasileira
Sou o canto dos terreiros e as rodas de capoeira,
Sou a mãe negra que viu seu filho morrer na mão dos brancos.
Sou o preto velho sentado no toco
Sou a história de um povo
Sou filha da África
Por ser filha da África, ainda sinto as dores do açoite
Ainda escuto o barulho das chibatas
E vejo o sorriso na cara daqueles que escravizaram meu povo
Alguns ainda acham que a cor da minha pele
diz quem sou e o que faço.
Mas desde quando a maldade tem cor?
Quem disse que a cor da minha pele define meu caráter?
Minha pele negra me lembra de onde eu vim,
Em minha pele está contida minha história
e a de todos aqueles que vieram com a Calunga Grande
Minha pele, minha alma e meu coração
contam a história de gerações de negros
escravizados por seu passado ainda presente
Sou um dos filhos de uma pátria mista e mística,
que se orgulha da cor de sua pele e que, acima de tudo,
não tem vergonha de sua história
Sou África-Brasil.
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