Confrários!: Neologismo utilizado pelos participantes da Confraria, nascido da junção das palavras confrades e revolucionários!

sexta-feira, 30 de março de 2012

Flyer da "III Antologia"

Regulamento III Antologia da Confraria dos Poetas

Regulamento III Antologia da Confraria dos Poeta

Olá Poeta,

É com muito orgulho que a “Confraria dos Poetas”, após quatro anos de espera, realiza sua III Antologia nacional.
Estamos muito contentes com o projeto de montagens de antologias, pois através delas dialogamos vários estilos da poesia contemporânea e sua potencialidade lírica, o que nos leva a contribuir com a pesquisa sobre a atualidade poética brasileira.

É importante ressaltar que o projeto é autossustentável, ou seja, o poeta receberá 50 livros e poderá vender cada exemplar por até 60% a mais do valor que pagou, pois entendemos que essa forma de participação não significa go sem retorno e facilita a participação dos poetas e de suas poesias nesse momento histórico.

Iremos convidar poetas para a III Antologia até o dia 30 de abril de 2012, pois a partir do dia 01 de maio de 2012 selecionaremos os poetas participantes, iniciando em 03 de maio de 2012 o processo de edição do livro, culminando com o lançamento nacional na Casa das Rosas, em São Paulo-SP, na primeira quinzena de agosto de 2012.

O lançamento nacional será um grande evento em homenagem à poesia brasileira e aos poetas participantes da III Antologia.

Desfrute, através de nosso blog – confrarios.blogspot.com, de nossas antologias anteriores e do sucesso dos lançamentos das mesmas.

Não se esqueça de ler o Regulamento e, se concordar com seu conteúdo, envie-nos 10 páginas de poesia e 01 (uma) página de apresentação com foto digitalizada para endereço confrariadospoetas1@gmail.com.

Mostre seus versos! Participe de um processo lírico coletivo e nacional, assim poderá divulgar seus versos Brasil afora.

Seja bem vindo(a)!!!

Abraços e saudações poéticas,

CONFRARIA DOS POETAS


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Dúvidas?! Entre em contato conosco através do endereço: confrariadospoetas1@gmail.com
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REGULAMENTO


Capitulo I
Das Informações Gerais


Nome da antologia: III Antologia Confraria dos Poetas;

Número de poetas participantes: no mínimo 20;

Número mínimo de exemplares da primeira edição: No mínimo 1.000 livros;

Números de páginas por poetas: 11 páginas (10 páginas de poesia e 01 página de apresentação com foto);

Total mínimo de páginas da Antologia: No mínimo 230 páginas;

Valor unitário do livro para a venda: Até R$ 25,00.¹

Capitulo II
Das poesias

Para o poeta participar da III Antologia, é necessário ler o regulamento e enviar de seus poemas, apresentação e foto digitalizada para o e-mail confrariadospoetas1@gmail.com até o dia 30 de abril de 2012 (trinta de abril de dois mil e doze);
            Parágrafo Único: Após o recebimento dos poemas, apresentação e foto, a Confraria dos Poetas enviará ao poeta interessado a ficha cadastral e o Termo de Compromisso que deverão ser preenchidos e assinados, respectivamente, pelo poeta, que os enviará novamente à Confraria dos Poetas por e-mail.

Cada poeta terá 10 páginas destinadas aos seus poemas. Cada página terá 30 linhas, letra tamanho 12, espaçamento 1,5;

Além das 10 páginas com poesias, haverá uma (01) página para a apresentação do poeta. A Apresentação terá até 15 linhas, letra tamanho 12, espaçamento 1,5 cm, mais 1 foto digitalizada;
            Parágrafo único: O poeta tem total liberdade para elaborar sua apresentação, desde que não infrinja o espaço delimitado.

10º Devido à qualidade visual do livro, uma página não poderá conter mais de um poema;

11º A ordem dos poemas no livro será a mesma enviada pelo poeta por e-mail à Confraria dos Poetas.

Capitulo III
Da III Antologia

12º Cada poeta adquirirá 50 exemplares impressos;

13º A sequência dos poetas no livro seguirá a ordem alfabética, independente se utilizado o nome real ou artístico;

14º Não será admitida a participação de poetas que propaguem ideias racistas, homofóbicas, machistas, fascistas ou de qualquer outra forma de preconceito vil;

15º A revisão dos poemas e apresentação será única e exclusivamente ortográfica e estará sujeita à aprovação do autor. Não se alterará nenhuma concordância, haja vista que o objetivo da antologia é a divulgação da poesia contemporânea. Serão respeitados os neologismos e regionalismo;

16º O livro será registrado na Biblioteca Nacional e catalogado na Câmara Brasileira do Livro.
Capitulo IV
Do Lançamento Nacional

17º Será realizado o Lançamento Nacional na Casa das Rosas, em São Paulo-SP. A previsão é que aconteça na primeira quinzena de agosto de 2012 (dois mil e doze);

18º Para a realização do Lançamento Nacional na Casa das Rosas, será arrecadado, obrigatoriamente, o valor de R$ 200,00 de cada poeta participante que seja de São Paulo-SP e região metropolitana. É facultativo o pagamento aos demais poetas;

19º No dia do Lançamento Nacional será disponibilizado um balcão exclusivamente para a venda de exemplares da III Antologia pelos poetas que contribuírem com o lançamento;

§1º Ao realizar uma compra no lançamento, o cliente deverá indicar ao vendedor de qual poeta está comprando o(s) exemplar(es);

§2º Após o Lançamento Nacional, o valor total arrecadado com a venda dos livros será distribuído de acordo com a venda de cada poeta;

§3º O valor da venda de antologias em que não houve indicação do poeta, no dia do lançamento, será remetido para a entidade “Confraria dos Poetas”;

20º A “Confraria dos Poetas” ajudará na divulgação do evento com a confecção de material gráfico de propaganda do lançamento nacional, mas os poetas envolvidos é quem serão os principais responsáveis pela divulgação e, consequentemente, a garantia do público para a venda de seus livros no evento;

21º Os poetas poderão realizar Lançamentos Municipais ou individuais, sendo de sua responsabilidade os gastos com despesas, bem como o resultado da venda dos livros. Porém, é exigida a utilização da logomarca da “Confraria dos Poetas” nas convocações/convites.
Capitulo V
Do valor

22º O valor estabelecido para a participação de cada poeta na III Antologia é de R$ 750,00. Sendo que:

§1º Este valor será utilizado para o pagamento das despesas de organização, diagramação, editoração e impressão dos exemplares da III Antologia;

§2º Qualquer poeta participante que trouxer 05 (cinco) poetas ou mais e, sendo estes, selecionados para participar da III Antologia pela “Confraria dos Poetas”, será gratuita a participação daquele no livro;

§3º Os poetas participantes de antologias anteriores da “Confraria dos Poetas” que trouxerem 03 poetas e estes forem selecionados para participar da III Antologia pela “Confraria dos Poetas”, aqueles terão seus valores a pagar reduzidos para R$ R$660,00 e R$510,00, para o participante de uma antologia anterior da “Confraria dos Poetas” e para o participante de duas antologias anteriores da entidade, respectivamente;
§4º O pagamento da primeira parcela/entrada será efetuado até o dia 10 de maio de 2012 (dez de maio de dois mil e doze);

§5º Serão acrescidos R$200,00 no valor do pagamento para os poetas de São Paulo-SP e região metropolitana que participarem do Lançamento Nacional na Casa das Rosas. Esse valor será imutável e não haverá nenhuma forma de desconto;

Capitulo VI
Do pagamento

23º A conta em que os poetas participantes farão o depósito será: Banco do Brasil – Agência 2974-2 Conta Corrente 17.519-6 – Sr. Eric M Andrade
            Parágrafo Único: Obrigatoriamente, o poeta participante deverá escanear o(s) comprovante(s) de depósito(s) e envia-lo(s) para o e-mail confrariadospoetas1@gmail.com, serão desconsiderados os depósitos de poetas que não se identificarem.

24º Os prazos serão seguidos rigorosamente. Não será aceito pagamentos efetuados fora do prazo estabelecido, podendo o poeta ser retirado sumariamente da antologia.
            Parágrafo Único: O atraso do pagamento acarretará na perda do espaço do poeta dentro da III Antologia e a devolução de somente 2/3 (dois terços) do valor já pago.
25º As formas de pagamento se darão da seguinte maneira:

§1º Todos os poetas deverão, obrigatoriamente, efetuar o pagamento do valor de entrada para certificação e garantia de sua participação até o dia 10 de maio de 2012 (dez de maio de dois mil e doze);

§2º O pagamento poderá ser realizado em:
a) Parcela única de R$ 750,00;
b) Duas parcelas de R$375,00;
c) Três parcelas de R$ 250,00.

§3º O pagamento da parcela única ou primeira parcela deverá ser efetuado até 10 de maio de 2012;

§4º Os pagamentos das segunda e terceira parcelas deverão ser efetuados até o dia 10 de junho e 10 de julho, respectivamente.

26º O valor do lançamento na Casa das Rosas poderá ser efetuado em:

§1º Parcela única de R$ 200,00, que deverá ser paga até 10 de maio de 2012;
§2º Duas parcelas de R$100,00, que deverão ser pagas até 10 de maio de 2012 e 10 de junho de 2012, respectivamente;
§3º Três parcelas de R$ 67,00, que deverão ser pagas até 10 de maio de 2012, 10 de junho de 2012 e 10 de julho de 2012, respectivamente;

Capítulo VII
Do cronograma

27º Todos os poetas que tiverem interesse em participar da III Antologia deverão enviar seus poemas, foto digitalizada e apresentação para o e-mail: confrariadospoetas1@gmail.com até o dia 30 de abril de 2012 (trinta de abril de dois mil e doze);

28º No dia 03 de maio de 2012 (três de maio de dois mil e doze) será divulgada a relação dos poetas selecionados para participarem da III Antologia;

29º O pagamento de entrada da III Antologia deverá ser efetuado até o dia 10 de maio de 2012; O segundo pagamento, até o dia 10 de junho de 2012 e o terceiro pagamento, até o dia 10 de julho de 2012;

30º A proposta de revisão ortográfica será enviada por e-mail, aos poetas participantes, pela “Confraria dos Poetas” em 01 de junho de 2012 (primeiro de junho de dois mil e doze);

31º A resposta de confirmação do poeta participante às alterações de revisão ortográfica deverá ser enviada por e-mail para a “Confraria dos Poetas” até o dia 07 de junho de 2012 (sete de junho de dois mil e doze);
            Parágrafo único: a não manifestação do poeta participante, até o prazo determinado, acarretará nas alterações propostas pela revisão.

32° A apresentação da arte-final do livro aos poetas participantes pela “Confraria dos Poetas” será enviada por e-mail até o dia 01 de julho de 2010 (primeiro de julho de 2010);
Capítulo VIII
Das disposições finais

33º A seleção dos poetas será de responsabilidade da entidade "Confraria dos Poetas"

34º Os poetas que moram fora de São Paulo e não participarem do lançamento nacional, serão responsáveis pelo custeio do envio, via postal ou malote, de seus exemplares;

35º A execução e a organização do projeto é de responsabilidade de entidade “Confraria dos Poetas” e caberá a ela tomar todas as medidas necessárias para que a III Antologia seja realizada nos prazos determinados, bem como com a qualidade que todos participantes do livro esperam;

36º Após 6 (seis) meses de publicação e lançamento da III Antologia, a “Confraria dos Poetas” terá o direito de publicar as fotos, apresentações e poemas dos poetas participantes no blog e em outras mídias/redes sociais da entidade;

37º Os casos omissos deste regimento serão resolvidos pela Direção da “Confraria dos Poetas”, em comum acordo com todos os poetas participantes, através de documentos devidamente assinados pelos mesmos.


NOTAS:
[1] O valor total dos 50 exemplares de “Confraria dos Poetas – III Antologia” será de até R$1.250,00;

[2] A Ficha Cadastral e o Termo de Compromisso serão enviados aos poetas pela Confraria após o envio das 10 páginas de poesia, 01 (uma) de apresentação e foto digitalizada.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Walber Monteiro: "Entre o amor e o nada"



Entre o amor e o nada

A porta que se fecha e separa agora dois mundos, leva pelas mãos do tempo a esperança inundada em lágrimas.
E mata de tristeza o amor que lhe ofereço como incenso.
Foi-se o tempo em que seus olhos diziam-me tanto sem falar
E que o prazer de estar juntos nos bastava.
A desordem da sala reflete a de nossas vidas e revela que o fundo do poço ainda tem surpresas.
Mas insisto, me ajoelho em frente a sua imagem e rogo pragas que só quem ama poderia.
Mas tua indiferença continua tirando de mim tudo que é vida...
Resta agora muito pouco e a dor que mais agride é a de não saber como partir, nem como ficar


Walber Monteiro

Walber Monteiro: "Além da paixão"



Além da paixão

O gosto doce de teu beijo ainda está comigo.
E tua ausência o faz arder em minha boca, quando distante não te lembras de
voltar. Teu cheiro ainda se confunde com o meu e teu amor, que escorre aos
litros, revela o quanto te conheço.
Conheço-te como a abelha conhece a flor e que lhe toma, como beijo roubado
o seu pólen. E que conhecendo bem tão delicada dama, arranca-lhe, entre
suspiros de prazer, o néctar que nem os deuses puderam.
Assim te conheço, forte, larga, densa...
E mesmo que ainda perdido entre a tênue linha do abismo que separa o tudo e
o nada não vacilo, pois sei que te quero...
Quero-te, inteira.
Quero-te, já.
Quero-te, porque já não saberia de outra maneira.
Então, complete-se de mim.
Permita-se. Permita-me ser...
... o vulcão que te revela os segredos.
A paixão que te queima a pele suada.
O vento que te arrasta para o mundo.
E o amor que te traz para casa.


Walber Monteiro

Walber Monteiro: "Paixão"



Paixão

A janela aberta deixa entrar o mundo como espelho

E invade teu quarto com a brisa que te dou como carinho.

Em noites como esta, que ardendo em desejo

Me procuras em tua cama.

Perdida entre lençóis e nuvens que outrora tocavas com as mãos.

Mas teu corpo sabe a resposta.

E grita aos quatro cantos nossos mais loucos segredos.

Segredos estes, que finges não lembrar com tua rotina.

Mas a névoa que muitas vezes oculta o lago não o faz desaparecer.

E como a aranha em sua teia, pacientemente te espero.

Pois sei que tens o que quero, preciso e mais amo.

E sei que tenho o que ama, precisa e mais quer.


Walber Monteiro

Walber Monteiro: "Todos os teus"



Todos os teus

Teus passos, teus rogos, teu sono,

Tua paz, teu espaço, teu silêncio,

Teu instante, teu tempo, tua sala,

Teu jardim, tua bebida, teu carro,

Teus olhos, tua arte, teus sonhos,

Teus flertes, teus pais, teu país,

Teus vícios, tua cor, teus livros,

Teu trabalho, tuas dúvidas, tua pressa,

Teus colares, teus medos, teus amigos,

Tua TPM, tua conveniência, teu surto,

Tua chance, tua escolha, teu Sol,

Tua segurança, teu sexo, teu prazer,

Teu mundo...


Walber Monteiro

Walber Monteiro: "Cesto de gávia"

Cesto de gávia

Observo a vida curta que cabe numa frase de um lugar seguro lá no alto.

E generalizo o que penso para que não doa.

Mas sentir é o dom supremo com que me presenteia.

Como brinca a vida, te quero na mesma proporção que não te tenho

E me deito para frente e para os lados na tentativa desesperada de te alcançar,

mas os vãos de meus dedos são maiores do que o amor que me tens.

E assim me perdes devagar. Por isso partirei, te deixando no primeiro porto. 

Só te peço que até lá, permita-me ter de ti o suficiente para lembrar com

carinho de tua imagem, tua ausência, tua dor de cabeça, teus anéis, e os fios

de cabelo que me deixas como herança das noites em que fostes minha.

Noites que agora, muito longas, me fazem companhia.

Beijarei então seus lábios com angústia. Seguirei o meu caminho, agora sem certezas,

E escreverei então com sangue que o horizonte está no olhar de quem vê...

E meu amor, o quanto quis que você visse.

Walber Monteiro

Walber Monteiro: "Doce você"

Doce você

Sonho acordado lembrando de ti,

e de todos os doces momentos...

Sinto seu perfume na brisa suave,

e te toco a pele fresca de orvalho.

Cantam cigarras o amor dos que não estão lá

Ferindo-me o peito com a dor da distância

Mas conformo-me em saber que o bom da partida

é que sempre voltas...

... com a saudade diferente, com a esperança diferente,

Com o caminhar diferente...

E o que encontras também não é o mesmo.

Mas o mundo nunca muda.

Cá fora é sempre assim.

Por isso, nascemos e morremos como raios de sol

De um dia que é sempre

Melhor que todos os outros.


Walber Monteiro

Walber Monteiro: "Mares"



Mares

Navego em mares turbulentos

E avisto ao longe tua sombra que vai...

Equilibro-me em pranchas de piratas de sonhos

Num lugar onde antes estavas segura.

Conto estrelas para tentar me manter firme.

E olho para meus pés que pisam o manto branco de areia

E só tua luz, distorcida e fria, me dá alguma direção.

Seguem-me agora correntezas que como eu, iam antes sozinhas

Ligando-se em dor e fúria, lembrando de todos os seus mortos.

Mas há limites para o fim...

... são apenas sete as chances, sete ventos no caminho,

Sete anjos embriagados, sete cores fustigadas

Em um só abismo de viver.


Walber Monteiro

Walber Monteiro: "Solidão"



Solidão


Solidão a dois é fria como a morte,

Desassossego pros sentidos.

Fere e mata feito peste.

Corta a carne como faca, amolada com palavras.

Abandona-se a razão de que o sentimento é o que importa.

E varrem-se, para cima do tapete, tudo aquilo que passou.

Mas não me darei por vencido...

Tirarei de minhas vistas toda imagem que destoa daquilo que mais quero.

Quantas vezes voltaremos ao começo?

Quanta língua ainda terei que aprender prá poder te ensinar o que

Ainda não sabemos?


Walber Monteiro

Walber Monteiro: "Ventre"



Ventre

Sevo nosso leito cor de rosa,

Com flores de meu quintal.

E espero em dias quentes

A confusão de seu perfume.

Unto os meus olhos com essências de alecrim.

E vejo, além de um dia calmo,

A esperança de um futuro que trará dentro de si.

Rirei então de tudo neste mundo tão pequeno

E abraçarei no espaço, de um momento infinito

Em que enches o meu quarto,

Em que enches minha vida.


Walber Monteiro

Walber Monteiro: "O chão que ela pisa"


O chão que ela pisa


Adorarei o chão que ela pisa e marca em selo o caminho suave que leva à luz. Com passos incertos que me confundem a alma, hoje submersa na saudade, herança de quem ama. Adorarei a brisa suave que lhe toca a pele e que me traz de lugares distantes o perfume de quem amo. E as flores sabem de quem falo, pois a primavera nasce nela, vive por ela e morre. Só para poder mais tarde, por ela, nascer de novo. Adorarei o verde, o rosa, o amarelo, o vermelho do meu sonho... Todas as cores que ela inventou com seu sorriso. E ela tem trezentos e sessenta e cinco destes. Um sorriso para cada dia do ano. E cada um com um jeito diferente de iluminar minha vida e a de todos os outros que, porventura, tenham a chance ou quem sabe a grande sorte, de cruzar o seu caminho. Adorarei o toque quente de suas mãos e de seus lábios quando, ternamente me beijar as costas. E me mantiver sob seus pés como fera abatida, o seu prêmio perfeito. Sentirei que a pertenço no exato momento de teu flerte e sem a menor intenção de resistir, atenderei obediente, seus mais loucos pedidos. Adorarei o som de sua voz como a doce melodia que embala a vida, com ritmos nativos de civilizações desconhecidas. ”E este som, meu amor, só você e eu ouvimos. E entendemos quando é que o desejo e a coisa desejada se tornam apenas um”. Adorarei o dia que a leva e a noite que a traz. E que o breve momento de amar jamais seja suficiente para saciar toda sede, toda fome e todo frio. E que este momento seja para ela fonte de confiança e que indique o caminho, para que nunca tenha dúvidas, não de onde, mas de o porquê voltar... Adorarei os seus defeitos e perdoarei seus erros, para que saiba que a amo, não como um sonho com seus prazeres platônicos, mas como a realidade, que muitas vezes fria, toca a carne e o osso. E esperarei que ela também me ame. E que me amando me entenda. E que me entendendo saiba, pois o meu amor é simplesmente isto.


Walber Monteiro

Walber Monteiro




Walber Monteiro nasceu em 1970. Natural da cidade de Campinas (SP), veio para  capital ainda bem jovem. Ex-militante do movimento estudantil, foi coordenador do DCE Helenira Rezende da Unesp, diretor de escolas públicas da União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE-SP), ex-membro do Fórum Estadual de Defesa da Escola Pública (Fedep-SP). Atuou em teatro no grupo Macamã de Americana e foi membro do conselho de cultura da cidade de Mauá, na área de literatura. Servidor público, já exerceu funções como administrador regional, diretor de obras e chefe de gabinete da Secretaria de Meio Ambiente em Americana, além de ter sido, neste período, relator da pasta de meio ambiente da Região Metropolitana de Campinas. Sindicalista, é diretor de relações internacionais do Sindicato Nacional dos Servidores Públicos Civis do Brasil (UNSP). Graduando em Sociologia pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fesp-SP) e membro da Cátedra Celso Furtado. É secretário estadual sindical do Partido Comunista Brasileiro e membro das coordenações nacionais da Unidade Classista e da Intersindical. Vive atualmente em Mauá (SP). 

Valéria Telles: "É pra você"



É pra você

Já não consigo dormir
Não estou fazendo drama!
Se estivesse, falaria que meu coração
Está machucado!
Estou desistindo das pessoas!
Não quero mais me aproximar
E não quero que ninguém se aproxime!
No fundo elas sempre me machucam
Vou fazer uma escolha
De estar só e ser só
É melhor você partir
E perceber o que pra mim é obvio!
Um dia quem sabe
Paro de acreditar em horóscopo
E como pipoca no cinema
Por enquanto fico com meu drama
e você com sua escolhas...
Esse seu dom de achar que sabe tudo
e no fundo, lá no fundo
Você também não quer que eu me aproxime
Está com medo de gostar!
Por isso vou simplificar
Eu não consigo dormir
E você também não
Sei que também pensa em mim
Então? Não me deixe desistir
Pegue um táxi, seu carro, um avião
E corra pra bem perto de mim
E assim, quem sabe?
A gente consiga dormir...


Valéria Telles

Valéria Telles: "Enter, delete e outras histórias"



Enter, delete e outras histórias

Eu nunca vou entender
Por que as pessoas entram em nossas vidas?
Fazem a gente se acostumar
Fazem a gente se apegar
E não estou falando de paixão
Estou falando de solidão!
E de você ter tantas pessoas
E querer apenas uma
Se acostumar com uma
Uns dizem “...deixa partir, se voltar...”
Papo mais furado, pra boi dormir!
Pior que eu queria que fosse verdade!
Mas... nessa altura!
Só posso acreditar em mim.
Não costumo me mostrar
Fraquejar, jamais!
Parece que nada me atinge
E assim sigo de concreto
Mas quando escolho
Quando me mostro
As pessoas parecem não se importar
Fingi não acontecer
E assim vou caindo e levantando
No meu mérito, no meu ritmo
E descubro que as pessoas morrem pra mim!
Demora!
Mas um dia acontece
E aí vira poema, vira saudade!
Vira passado!


Valéria Telles

Valéria Telles: "Inspiração"



Inspiração

Estou com medo!


                         Meu coração



Apressou.




E estacionou







Onde estou?


Valéria Telles

Valéria Telles: "Poderia ter sido bom, poderia ter sido especial, poderia..."



Poderia ter sido bom, poderia ter sido especial, poderia...

Por que não sou capaz, de viver as superfícies?
Por que sempre fico me aprofundando
intensamente em tudo?
Sempre imaginando que algo me surpreenda
e que oportunidades não podem ser perdidas.
Intensidade ou idiotice?
Talvez minha fé
tenha sido mais uma vez abalada.
Sofri pela madrugada...
Não por ela, e sim pela situação criada
e o meu mundo imaginário desfeito.
Senti-me indefesa
como há muito tempo, não me sentia
— festa estranha com gente esquisita —
naquele momento eu só a tinha,
momentaneamente,
estava vivendo e suspirando por ela...
Como ela conseguiu fazer meu mundo entrar em erupção?
Lembrei até do livro
“Meu pé de laranja-lima”
— Por que, meu querido, Portuga,
contam mentiras às criancinhas?
Se eu disser que foi mágico,
se eu disser que não foi Baco
se eu disser que foi um suspiro profundo.
Todas as alternativas...

Não sei, não sei... poema-psicólogo,
é mais barato que terapia!


Valéria Telles

Valéria Telles: "Não quero mais"



Não quero mais

Não queria ser dura,
Mas você não me dá alternativa
Isso prova o quanto me conhece pouco
Chega a ser engraçado!
Que você é tão egoísta
Que não percebeu
Que aquela menina
Que chorava e você
Dizia que não poderia
nem ter como amiga
Cresceu! Parou de acreditar...

Agradeço pelas suas
escolhas do passado!
Se tivéssemos
Ficado juntas,
Uma teria destruído o sonho da outra
No fundo, você fez um pouco isso
Mas não a culpo
Gostava mais de você do que de mim
Me perdoa! Você era uma mentira
Que minha vaidade almejava!
Nunca daríamos certo
Ou melhor, nunca vamos dar certo
Nem como amigas!
Não espero que entenda
Mas isso não é uma crítica

Na verdade
Também espero que tenha mudado
Quero muito que cresça espiritualmente
Pare de jogar com as pessoas
E fantasiar por cima dos seus medos.
Assuma os erros,
E corra atrás dos seus desejos
A vida é dura!
Só as pessoas com coragem,
Determinação e bom coração
Conseguem enxergar que a felicidade
Pode estar ao lado!
Não me encaixo
Na sua vida
Meus sonhos e projetos
São outros
Não vou te ligar nem procurar
Espero que você faça o mesmo
E nesse momento
Respeite minhas escolhas
Quando eu penso no passado
E naquele apartamento
Não consigo enxergar felicidade
Desperdicei muitos anos
Para entender isso
E agora, fecho o círculo!

Fica bem!
Se cuida!



Valéria Telles

Valéria Telles: "Solidão"



Solidão

Acordei depois do absinto
Na verdade sem cinto.
Olhei pra cama
Não a vi
Será que imaginei
que alguém estava ali?

Escuto a vizinha
Do andar de cima
Um móvel pra lá
Um sofá pra cá
Nem pense em sintonia!
Será que também está sozinha?

Preciso beber água
E no espelho um ser habita
Me encara, me ignora
Está careca
Está sem pressa
Será que um dia vai embora?

Deito em frente à tv
E penso no menino
Que sobrou
Está com barba
Está com pressa
Mas não sabe
Onde chegou!


Valéria Telles

Valéria Telles: "Avenida Paulista"



Avenida Paulista

Paulista pára, é chuva!
Paulista pára, é passeata!
Paulista pára, é paulistano!
Paulista pára, é show!
Paulista pára, são os gays!
E a noite que fica clara!

Paulista pára, é vitória!
Paulista pára, é um pedido de paz!
Paulista pára, é Copa do Mundo!
Paulista pára, é o trânsito
São os carros que já não têm solução!

Paulista pára, é o farol
Paulista pára, é o Masp
Paulista pára, é gente que não acaba!
Paulista pára, é acidente
A sirene que a gente reclama e não entende

Quem nunca se apaixonou,
entre as lanternas e os faróis?
Quem nunca de despedaçou,
entre o ar e a poluição?

Se você quer pensar na vida
E arranjar alguma solução
Ande na Paulista
Entre o Paraíso e a Consolação


Valéria Telles

Valéria Telles: "Na cozinha com poesia"



Na cozinha com poesia

Maria, cadê o feijão?
Esqueci Zé e comprei sabão!

Maria, cadê a farinha?
Tava cara é a inflação!

Maria, cadê a abobrinha?
Como cê sabe que encontrei a vizinha?

Maria, cadê a galinha?
É pro santo e tá lá na esquina!

Maria, cadê o vatapá?
Azedou e o lixeiro levou

Mulher... tenho fome!
Ué, levanta essa bunda... e faz o arroz!

Mariaaaaaaaaaaaaaaa!

Maria cansou da cozinha
Viajou e voltou pra Bahia
Pra perto mar
Pra longe do Zé e do lar.


Valéria Telles

Valéria Telles: "Rotina"



Rotina

Olhos que enxergam o noturno
Que se pergunta o que está
Havendo com o mundo?

Mas todos são surdos!
Ou se fazem?
Cada dia fica mais fácil!
É a rotina!

Essas pessoas querem
Salvar o mundo
Qual deles?

Pessoas dentro de suas casas,
Seus abrigos de mentira
Sua dramática hipocrisia
Só Buda!

“Pára de fingir que não repara”
Dentro daquele com a cola na mão
Existe um coração!

Dentro daquele com a arma na mão...
Cada um com a sua imaginação
..............................................................
Ou será maldição?


Valéria Telles

Valéria Telles




Sou sócia e chef de cozinha do Restaurante Bardo Batata. Faço parte da diretoria da Confraria dos Poetas desde suas primeiras reuniões, em 2004. Das tardes com vinho e poesias, alastramos o projeto 1.ª Antologia, lançado em 2007.
Minha inspiração é o cotidiano, os amores achados, as paisagens perdidas e os amigos-família.
Escrevo contos e poesias pelo êxtase que isso me proporciona.
Tenho 29 anos, mas em alguns momentos parece que tenho menos e em outros sou quase uma idosa. Culpa por ser de capricórnio, com ascendente em áries e Lua em sagitário.
Costumo escrever cartas para amores e amigos, mas nunca as entrego (me entrego). Mas confesso que me sinto realizada. O que importa é a palavra eternizada. Com isso me contento!
Vivo intensamente os momentos da minha vida e não preciso de muitas coisas para achar essa tal felicidade... Preciso de sorrisos sinceros e olhos que mudam de cor... Canções e olhares me decifram e minha vida é um filme de Almodóvar, David Linch e Quentin Tarantino.
Na boa, na boníssima, minha vida é uma aventura, uma história de amor.

http://mundorelicariomundosurreal.blogspot.com

Sidney Dias - O Mestiço: "Propaganda enganosa"



Propaganda enganosa

Atropelando,
engessando,
avançando,
enquanto resisto!
Querem que eu queira ter
sem ter,
querem que eu queira ser
sem ser,
Vida:
enlatada,
rotulada,
vendida!
Vida sem luz,
Condenada à escravidão,
na lógica do querer ter
sem ter,
no querer ser
sem ser,
labutar até morrer,
sem ter,
sem ser.


Sidney Dias - O Mestiço (2003)

Sidney Dias - O Mestiço: "Sonetos"



Sonetos

Tecido cor de sangue,
moldando teus seios
em contorno nítido,
como se estivessem nus.

Sorver o néctar
da bela ninfa,
nutrir-me com sua força delicada de fêmea,
sutil, porém, tenaz.

Irreger com sêmen,
o que a natureza
preparou para a vida.
O teu ventre
a vida nova
que o mundo quer.


Sidney Dias - O Mestiço (04/2004)

Sidney Dias - O Mestiço: "A filha de Pseudon"



A filha de Pseudon

Marina,
sereia metamorfoseada em mulher.
Teu sorriso encanta,
como encantava com a promessa contida
em seu canto lírico,
marujos solitários,
aportados nas praias do novo mundo.
Soldados de mar e terra,
arrastados para profundezas abissais
com suas armaduras de metal fosco,
tingidos de sangue nativo.
Esquecidos pelos seus amos,
ainda dormem nos profundos
abismos da obediência,
junto a “tesouros” malfragados,
a espera de um canto,
um grito que desperte-os
Marina,
é mais uma história
que vem do mar.


Sidney Dias - O Mestiço (2003)

Sidney Dias - O Mestiço: "Primavera"



Primavera

Aquarela de cores
como arte de conteúdo abstrato,
sentir o cheiro das flores
colorindo o mundo,
a natureza parecendo
brincar de arco-íris,
tapetes coloridos
enfeitando ruas monótonas,
onde as árvores quase topam,
zumbir de abelhas
cheirando flores caídas,
o sol morno
faz exalar cheiros confusos de perfumaria.
Varrer não é preciso.
Flores não sujam.
Mesmo que caídas,
murchadas,
mortas.


Sidney Dias - O Mestiço (2003)

Sidney Dias - O Mestiço: "Denuncio no deserto"



Denuncio no deserto

Dia-a-dia de cão,
Segunda-feira lotação,
aumento do busão,
segregação.
A gente aceita.

A fome do primeiro dia,
a calçada em seguida,
indigência em ascensão,
corpos vivos em decomposição,
a gente aceita!

O silêncio fúnebre
pelas armas em ação,
guerra civil
declarada ou não,
Eldorado do patrão.
E a gente aceita...

Vitória!
da seleção Nike,
Carnaval Bank Boston, Brama, Monsanto...
crianças trepando de montão,
pedofilia em oração.

Esculhambança do patrão,
humilhação da demissão,
degradação,
solidão!!!
E a gente acaba aceitando!


Sidney Dias - O Mestiço (04/2005)

Sidney Dias - O Mestiço: "Rebeldia pós-91"



Rebeldia pós-91

Com a tinta
deixo o meu grito
nos muros da nação,
promessas do parlamento
povo vota por obrigação,
semeiam terras alheias
recorde na safra de grãos,
exportação
transgênicos,
superávit primário,
milhões querendo pão
América Latina:
do latifúndio,
sem terra,
banqueiros,
bicheiros,
especuladores,
mendigos,
burocratas,
desempregados,
corrupção...
Trabalhador não tem lugar
na democracia do patrão,
votar por obrigação
é esculhambação,
humilhação,
é traição.
Tribuna popular,
é a cara,
vamos fazer revolução,
o sonho não morreu
libertação...
povo na direção,
assaltar os armazéns,
pegar de volta o nosso pão,
mandar a burguesia
sem poesia,
pró-museu de antiguidades,
sem lamentação.
A vida assim,
submissão,
ilusão,
democracia do patrão.
Eu, não quero não!


Sidney Dias - O Mestiço (2003)

Sidney Dias - O Mestiço: "Conflito de gente"



Conflito de gente

Gente que fala
gente que cala
gente que vai e vem
trabalho não tem.

Gente que tem
gente que nada tem
resta a grande gente
aceitar um vintém.

Gente que ri
gente que chora.

Levante!
Que já é hora.

Maioria de gente são
podem vencer a opressão
quando ousam levantar-se
menos gente pega o bastão


Sidney Dias - O Mestiço (2002)

Sidney Dias - O Mestiço: "Tenho fé"



Tenho fé

Malditas cercas
legitimando posse,
repartidas entre poucos.
Velhas dores de um mundo velho,
dominado por pseudos líderes velhos,
impondo idéias velhas,
reproduzindo um mundo velho,
destruindo as primaveras,
roubando o mel das colméias,
legitimado por ideologias velhas.
Derrubam as cercas!
Rebelem as colméias!
Semeiem a liberdade!
Alastrem-nas como ervas daninhas
pelos campos e cidades!
Serrem as grades das prisões!
Conquistem o mundo da vida!

Um dia,
esse planeta se chamará planeta LIBERDADE,
os dominados de hoje,
escreverão suas histórias amanhã,
ofuscados pela história oficial dos dominadores.

Tenho esperança nas flores
dos jardins
que afronta o latifúndio


Sidney Dias - O Mestiço (2003)

Sidney Dias - O Mestiço: "O elo perdido"


O elo perdido

Em meio a essa escuridão solitária,
ouso fingir da mesmice teatral cotidiana,
ouso não cumprir papéis determinados.
Fora dela,
reencontro a essência
da vida
usurpada pelas regras
ditas civilizadas dos homens mortos.
Escuridão física:
vazio que me acolhe
no começar de novo,
refúgio necessário
nas orlas da existência,
renascer para o real,
das utopias longínquas,
meu reencontro com a luz.


Sidney Dias - O Mestiço (2003)

Sidney Dias Pereira



Sidney – O mestiço

Ele não nasceu para esse mundo!
Às vezes caminhávamos e seu olhar era infantil. Como se não entendesse o que estava fazendo aqui. Que vastidão era essa? Que mesmo em silêncio e sozinho ele queria entender.
Não sei, não deu tempo de saber. Sei que a sua vontade de vencer, talvez não fez perceber que era preciso voltar às raízes. Voltar ao seu centro para continuar. Na sua ideologia, voltar era sinal de fracassar e isso ele nunca admitiria. São Paulo foi seu lar adotivo, ele que era lá de Caratinga. O nosso Mestiço morreu em uma fatalidade em 2006, deixou esse mundo maluco, seus filhos, seus livros.
Às vezes, eu o odiava (principalmente no bilhar), mas naquela fase sem rumo, ele era companheiro dos poemas e copos de vinho.
Fez parte da primeira diretoria da Confraria dos Poetas.
Sidney estava em eterna busca por sua identidade, às vezes cigano, às vezes militar, às vezes estudante... Mas em todas elas amigo!

Por Valéria Telles

Sandra Oliveira: "Aborto"



Aborto

Gravidez
Fato grave
Fato novo
Desafeto
Desça feto
Acaba o fato
Feto morto
Aborto


Sandra Oliveira

Sandra Oliveira: "Novelos"



Novelos

Não me envolvo em novelos
De conhecidas novelas (vários bis)
Com velhas ovelhas negras do país
Que de verde e amarelo
Só na ponta
Aponta o nariz


Sandra Oliveira

Sandra Oliveira: "O grito de Eduarda"



O grito de Eduarda

Em um dia de TPM
seus desejos
e anseios
de todas as naturezas,
agonizados

“e se não for assim
e se não der certo
e se tudo mal ocorrer?”

Ela tem dúvidas
e está impaciente

Inclina-se,
à moda de Munch
põe as mãos no rosto
E expressa-se na vida:
.....................................................................................................


Sandra Oliveira

Sandra Oliveira: "Espera"



Espera

Olho-ólho-olho-ólho
Onomatopéia de relógio
Longo tempo
Tempo passa
Impaciência


Sandra Oliveira

Sandra Oliveira: "Corujas"



Corujas

Sempre ouvi dizer
Que as corujas são sábias
Seus olhos são grandes
O bico, as asas

No escuro, elas vêem
tudo como ninguém.

Meu deus!
Por que as corujas piam
tão assustadoramente
se elas só sabem a verdade
e jamais mentem?


Sandra Oliveira

Sandra Oliveira: "O olhar de 'Chá das cinco' ou Auto-piada do olhar de um vegetariano"



O olhar de “Chá das cinco” ou Auto-piada do olhar de um vegetariano

Todos reunidos
E calmos
Só se ouve o canto
do tilintar das xícaras.

Cada um em seu canto.
Ninguém sabe o que houve.
Matou-se
um porco,
o presunto,
para que pudessem lanchar em paz


Sandra Oliveira

Sandra Oliveira: "Auto engano"

Auto engano

Jurou não repetir
quando chorava com raiva,
noutro dia.

- a raiva serve apenas para aliviar o momento
do depois, entretanto, do talvez

Mas era sol, e estava feliz
O sorriso claro
de oi, água e dança.

“não vou me enganar outra vez”


Sandra Oliveira

Sandra Oliveira: "Em um dia sobre a vida"


Em um dia sobre a vida

Estou assim,
meio perdida
meio achada...

meio sozinha

com vontade de largar o mundo
e ver se ele anda sozinho
De certo vai andar
e talvez eu fique mais leve

Quero ouvir the cure e esquecer da vida.



Minha vida
pingo-a-pingo
cai

A esmo,
cada pétala

Vãos
todos os pensamentos

Ao lento,
toda a pouca esperança


Sandra Oliveira

Sandra Oliveira: "Viva poesia"


Viva poesia

Voe como sopra
o vento
Vire o mundo
Cante como toca
a vida
Viva poesia

Amor...
Loucura...
Quero a vida
Viva a poesia
louca!

Sandra Oliveira