Confrários!: Neologismo utilizado pelos participantes da Confraria, nascido da junção das palavras confrades e revolucionários!
sexta-feira, 30 de março de 2012
Regulamento III Antologia da Confraria dos Poetas
Regulamento III Antologia da Confraria dos Poeta
Olá Poeta,
É com muito orgulho que a “Confraria dos Poetas”, após quatro anos de espera, realiza sua III Antologia nacional.
Estamos muito contentes com o projeto de montagens de antologias, pois através delas dialogamos vários estilos da poesia contemporânea e sua potencialidade lírica, o que nos leva a contribuir com a pesquisa sobre a atualidade poética brasileira.
É importante ressaltar que o projeto é autossustentável, ou seja, o poeta receberá 50 livros e poderá vender cada exemplar por até 60% a mais do valor que pagou, pois entendemos que essa forma de participação não significa go sem retorno e facilita a participação dos poetas e de suas poesias nesse momento histórico.
Iremos convidar poetas para a III Antologia até o dia 30 de abril de 2012, pois a partir do dia 01 de maio de 2012 selecionaremos os poetas participantes, iniciando em 03 de maio de 2012 o processo de edição do livro, culminando com o lançamento nacional na Casa das Rosas, em São Paulo-SP, na primeira quinzena de agosto de 2012.
O lançamento nacional será um grande evento em homenagem à poesia brasileira e aos poetas participantes da III Antologia.
Desfrute, através de nosso blog – confrarios.blogspot.com, de nossas antologias anteriores e do sucesso dos lançamentos das mesmas.
Não se esqueça de ler o Regulamento e, se concordar com seu conteúdo, envie-nos 10 páginas de poesia e 01 (uma) página de apresentação com foto digitalizada para endereço confrariadospoetas1@gmail.com.
Mostre seus versos! Participe de um processo lírico coletivo e nacional, assim poderá divulgar seus versos Brasil afora.
Seja bem vindo(a)!!!
Abraços e saudações poéticas,
CONFRARIA DOS POETAS
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Dúvidas?! Entre em contato conosco através do endereço: confrariadospoetas1@gmail.com
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Dúvidas?! Entre em contato conosco através do endereço: confrariadospoetas1@gmail.com
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REGULAMENTO
Capitulo I
Das Informações Gerais
1º Nome da antologia: III Antologia Confraria dos Poetas;
2º Número de poetas participantes: no mínimo 20;
3º Número mínimo de exemplares da primeira edição: No mínimo 1.000 livros;
4º Números de páginas por poetas: 11 páginas (10 páginas de poesia e 01 página de apresentação com foto);
5º Total mínimo de páginas da Antologia: No mínimo 230 páginas;
6º Valor unitário do livro para a venda: Até R$ 25,00.¹
Capitulo II
Das poesias
7º Para o poeta participar da III Antologia, é necessário ler o regulamento e enviar de seus poemas, apresentação e foto digitalizada para o e-mail confrariadospoetas1@gmail.com até o dia 30 de abril de 2012 (trinta de abril de dois mil e doze);
Parágrafo Único: Após o recebimento dos poemas, apresentação e foto, a Confraria dos Poetas enviará ao poeta interessado a ficha cadastral e o Termo de Compromisso que deverão ser preenchidos e assinados, respectivamente, pelo poeta, que os enviará novamente à Confraria dos Poetas por e-mail.
8º Cada poeta terá 10 páginas destinadas aos seus poemas. Cada página terá 30 linhas, letra tamanho 12, espaçamento 1,5;
9° Além das 10 páginas com poesias, haverá uma (01) página para a apresentação do poeta. A Apresentação terá até 15 linhas, letra tamanho 12, espaçamento 1,5 cm, mais 1 foto digitalizada;
Parágrafo único: O poeta tem total liberdade para elaborar sua apresentação, desde que não infrinja o espaço delimitado.
10º Devido à qualidade visual do livro, uma página não poderá conter mais de um poema;
11º A ordem dos poemas no livro será a mesma enviada pelo poeta por e-mail à Confraria dos Poetas.
8º Cada poeta terá 10 páginas destinadas aos seus poemas. Cada página terá 30 linhas, letra tamanho 12, espaçamento 1,5;
9° Além das 10 páginas com poesias, haverá uma (01) página para a apresentação do poeta. A Apresentação terá até 15 linhas, letra tamanho 12, espaçamento 1,5 cm, mais 1 foto digitalizada;
Parágrafo único: O poeta tem total liberdade para elaborar sua apresentação, desde que não infrinja o espaço delimitado.
10º Devido à qualidade visual do livro, uma página não poderá conter mais de um poema;
11º A ordem dos poemas no livro será a mesma enviada pelo poeta por e-mail à Confraria dos Poetas.
Capitulo III
Da III Antologia
Da III Antologia
12º Cada poeta adquirirá 50 exemplares impressos;
13º A sequência dos poetas no livro seguirá a ordem alfabética, independente se utilizado o nome real ou artístico;
14º Não será admitida a participação de poetas que propaguem ideias racistas, homofóbicas, machistas, fascistas ou de qualquer outra forma de preconceito vil;
15º A revisão dos poemas e apresentação será única e exclusivamente ortográfica e estará sujeita à aprovação do autor. Não se alterará nenhuma concordância, haja vista que o objetivo da antologia é a divulgação da poesia contemporânea. Serão respeitados os neologismos e regionalismo;
16º O livro será registrado na Biblioteca Nacional e catalogado na Câmara Brasileira do Livro.
13º A sequência dos poetas no livro seguirá a ordem alfabética, independente se utilizado o nome real ou artístico;
14º Não será admitida a participação de poetas que propaguem ideias racistas, homofóbicas, machistas, fascistas ou de qualquer outra forma de preconceito vil;
15º A revisão dos poemas e apresentação será única e exclusivamente ortográfica e estará sujeita à aprovação do autor. Não se alterará nenhuma concordância, haja vista que o objetivo da antologia é a divulgação da poesia contemporânea. Serão respeitados os neologismos e regionalismo;
16º O livro será registrado na Biblioteca Nacional e catalogado na Câmara Brasileira do Livro.
Capitulo IV
Do Lançamento Nacional
Do Lançamento Nacional
17º Será realizado o Lançamento Nacional na Casa das Rosas, em São Paulo-SP. A previsão é que aconteça na primeira quinzena de agosto de 2012 (dois mil e doze);
18º Para a realização do Lançamento Nacional na Casa das Rosas, será arrecadado, obrigatoriamente, o valor de R$ 200,00 de cada poeta participante que seja de São Paulo-SP e região metropolitana. É facultativo o pagamento aos demais poetas;
19º No dia do Lançamento Nacional será disponibilizado um balcão exclusivamente para a venda de exemplares da III Antologia pelos poetas que contribuírem com o lançamento;
§1º Ao realizar uma compra no lançamento, o cliente deverá indicar ao vendedor de qual poeta está comprando o(s) exemplar(es);
§2º Após o Lançamento Nacional, o valor total arrecadado com a venda dos livros será distribuído de acordo com a venda de cada poeta;
§3º O valor da venda de antologias em que não houve indicação do poeta, no dia do lançamento, será remetido para a entidade “Confraria dos Poetas”;
20º A “Confraria dos Poetas” ajudará na divulgação do evento com a confecção de material gráfico de propaganda do lançamento nacional, mas os poetas envolvidos é quem serão os principais responsáveis pela divulgação e, consequentemente, a garantia do público para a venda de seus livros no evento;
21º Os poetas poderão realizar Lançamentos Municipais ou individuais, sendo de sua responsabilidade os gastos com despesas, bem como o resultado da venda dos livros. Porém, é exigida a utilização da logomarca da “Confraria dos Poetas” nas convocações/convites.
Capitulo V
Do valor
Do valor
22º O valor estabelecido para a participação de cada poeta na III Antologia é de R$ 750,00. Sendo que:
§1º Este valor será utilizado para o pagamento das despesas de organização, diagramação, editoração e impressão dos exemplares da III Antologia;
§2º Qualquer poeta participante que trouxer 05 (cinco) poetas ou mais e, sendo estes, selecionados para participar da III Antologia pela “Confraria dos Poetas”, será gratuita a participação daquele no livro;
§3º Os poetas participantes de antologias anteriores da “Confraria dos Poetas” que trouxerem 03 poetas e estes forem selecionados para participar da III Antologia pela “Confraria dos Poetas”, aqueles terão seus valores a pagar reduzidos para R$ R$660,00 e R$510,00, para o participante de uma antologia anterior da “Confraria dos Poetas” e para o participante de duas antologias anteriores da entidade, respectivamente;
§4º O pagamento da primeira parcela/entrada será efetuado até o dia 10 de maio de 2012 (dez de maio de dois mil e doze);
§5º Serão acrescidos R$200,00 no valor do pagamento para os poetas de São Paulo-SP e região metropolitana que participarem do Lançamento Nacional na Casa das Rosas. Esse valor será imutável e não haverá nenhuma forma de desconto;
§5º Serão acrescidos R$200,00 no valor do pagamento para os poetas de São Paulo-SP e região metropolitana que participarem do Lançamento Nacional na Casa das Rosas. Esse valor será imutável e não haverá nenhuma forma de desconto;
Capitulo VI
Do pagamento
Do pagamento
23º A conta em que os poetas participantes farão o depósito será: Banco do Brasil – Agência 2974-2 Conta Corrente 17.519-6 – Sr. Eric M Andrade
Parágrafo Único: Obrigatoriamente, o poeta participante deverá escanear o(s) comprovante(s) de depósito(s) e envia-lo(s) para o e-mail confrariadospoetas1@gmail.com, serão desconsiderados os depósitos de poetas que não se identificarem.
24º Os prazos serão seguidos rigorosamente. Não será aceito pagamentos efetuados fora do prazo estabelecido, podendo o poeta ser retirado sumariamente da antologia.
Parágrafo Único: O atraso do pagamento acarretará na perda do espaço do poeta dentro da III Antologia e a devolução de somente 2/3 (dois terços) do valor já pago.
Parágrafo Único: Obrigatoriamente, o poeta participante deverá escanear o(s) comprovante(s) de depósito(s) e envia-lo(s) para o e-mail confrariadospoetas1@gmail.com, serão desconsiderados os depósitos de poetas que não se identificarem.
24º Os prazos serão seguidos rigorosamente. Não será aceito pagamentos efetuados fora do prazo estabelecido, podendo o poeta ser retirado sumariamente da antologia.
Parágrafo Único: O atraso do pagamento acarretará na perda do espaço do poeta dentro da III Antologia e a devolução de somente 2/3 (dois terços) do valor já pago.
25º As formas de pagamento se darão da seguinte maneira:
§1º Todos os poetas deverão, obrigatoriamente, efetuar o pagamento do valor de entrada para certificação e garantia de sua participação até o dia 10 de maio de 2012 (dez de maio de dois mil e doze);
§2º O pagamento poderá ser realizado em:
a) Parcela única de R$ 750,00;
b) Duas parcelas de R$375,00;
c) Três parcelas de R$ 250,00.
§3º O pagamento da parcela única ou primeira parcela deverá ser efetuado até 10 de maio de 2012;
§4º Os pagamentos das segunda e terceira parcelas deverão ser efetuados até o dia 10 de junho e 10 de julho, respectivamente.
26º O valor do lançamento na Casa das Rosas poderá ser efetuado em:
§1º Parcela única de R$ 200,00, que deverá ser paga até 10 de maio de 2012;
§1º Todos os poetas deverão, obrigatoriamente, efetuar o pagamento do valor de entrada para certificação e garantia de sua participação até o dia 10 de maio de 2012 (dez de maio de dois mil e doze);
§2º O pagamento poderá ser realizado em:
a) Parcela única de R$ 750,00;
b) Duas parcelas de R$375,00;
c) Três parcelas de R$ 250,00.
§3º O pagamento da parcela única ou primeira parcela deverá ser efetuado até 10 de maio de 2012;
§4º Os pagamentos das segunda e terceira parcelas deverão ser efetuados até o dia 10 de junho e 10 de julho, respectivamente.
26º O valor do lançamento na Casa das Rosas poderá ser efetuado em:
§1º Parcela única de R$ 200,00, que deverá ser paga até 10 de maio de 2012;
§2º Duas parcelas de R$100,00, que deverão ser pagas até 10 de maio de 2012 e 10 de junho de 2012, respectivamente;
§3º Três parcelas de R$ 67,00, que deverão ser pagas até 10 de maio de 2012, 10 de junho de 2012 e 10 de julho de 2012, respectivamente;
Capítulo VII
Do cronograma
Do cronograma
27º Todos os poetas que tiverem interesse em participar da III Antologia deverão enviar seus poemas, foto digitalizada e apresentação para o e-mail: confrariadospoetas1@gmail.com até o dia 30 de abril de 2012 (trinta de abril de dois mil e doze);
28º No dia 03 de maio de 2012 (três de maio de dois mil e doze) será divulgada a relação dos poetas selecionados para participarem da III Antologia;
29º O pagamento de entrada da III Antologia deverá ser efetuado até o dia 10 de maio de 2012; O segundo pagamento, até o dia 10 de junho de 2012 e o terceiro pagamento, até o dia 10 de julho de 2012;
30º A proposta de revisão ortográfica será enviada por e-mail, aos poetas participantes, pela “Confraria dos Poetas” em 01 de junho de 2012 (primeiro de junho de dois mil e doze);
31º A resposta de confirmação do poeta participante às alterações de revisão ortográfica deverá ser enviada por e-mail para a “Confraria dos Poetas” até o dia 07 de junho de 2012 (sete de junho de dois mil e doze);
Parágrafo único: a não manifestação do poeta participante, até o prazo determinado, acarretará nas alterações propostas pela revisão.
32° A apresentação da arte-final do livro aos poetas participantes pela “Confraria dos Poetas” será enviada por e-mail até o dia 01 de julho de 2010 (primeiro de julho de 2010);
28º No dia 03 de maio de 2012 (três de maio de dois mil e doze) será divulgada a relação dos poetas selecionados para participarem da III Antologia;
29º O pagamento de entrada da III Antologia deverá ser efetuado até o dia 10 de maio de 2012; O segundo pagamento, até o dia 10 de junho de 2012 e o terceiro pagamento, até o dia 10 de julho de 2012;
30º A proposta de revisão ortográfica será enviada por e-mail, aos poetas participantes, pela “Confraria dos Poetas” em 01 de junho de 2012 (primeiro de junho de dois mil e doze);
31º A resposta de confirmação do poeta participante às alterações de revisão ortográfica deverá ser enviada por e-mail para a “Confraria dos Poetas” até o dia 07 de junho de 2012 (sete de junho de dois mil e doze);
Parágrafo único: a não manifestação do poeta participante, até o prazo determinado, acarretará nas alterações propostas pela revisão.
32° A apresentação da arte-final do livro aos poetas participantes pela “Confraria dos Poetas” será enviada por e-mail até o dia 01 de julho de 2010 (primeiro de julho de 2010);
Capítulo VIII
Das disposições finais
Das disposições finais
33º A seleção dos poetas será de responsabilidade da entidade "Confraria dos Poetas"
34º Os poetas que moram fora de São Paulo e não participarem do lançamento nacional, serão responsáveis pelo custeio do envio, via postal ou malote, de seus exemplares;
35º A execução e a organização do projeto é de responsabilidade de entidade “Confraria dos Poetas” e caberá a ela tomar todas as medidas necessárias para que a III Antologia seja realizada nos prazos determinados, bem como com a qualidade que todos participantes do livro esperam;
36º Após 6 (seis) meses de publicação e lançamento da III Antologia, a “Confraria dos Poetas” terá o direito de publicar as fotos, apresentações e poemas dos poetas participantes no blog e em outras mídias/redes sociais da entidade;
37º Os casos omissos deste regimento serão resolvidos pela Direção da “Confraria dos Poetas”, em comum acordo com todos os poetas participantes, através de documentos devidamente assinados pelos mesmos.
NOTAS:
[1] O valor total dos 50 exemplares de “Confraria dos Poetas – III Antologia” será de até R$1.250,00;
[2] A Ficha Cadastral e o Termo de Compromisso serão enviados aos poetas pela Confraria após o envio das 10 páginas de poesia, 01 (uma) de apresentação e foto digitalizada.
34º Os poetas que moram fora de São Paulo e não participarem do lançamento nacional, serão responsáveis pelo custeio do envio, via postal ou malote, de seus exemplares;
35º A execução e a organização do projeto é de responsabilidade de entidade “Confraria dos Poetas” e caberá a ela tomar todas as medidas necessárias para que a III Antologia seja realizada nos prazos determinados, bem como com a qualidade que todos participantes do livro esperam;
36º Após 6 (seis) meses de publicação e lançamento da III Antologia, a “Confraria dos Poetas” terá o direito de publicar as fotos, apresentações e poemas dos poetas participantes no blog e em outras mídias/redes sociais da entidade;
37º Os casos omissos deste regimento serão resolvidos pela Direção da “Confraria dos Poetas”, em comum acordo com todos os poetas participantes, através de documentos devidamente assinados pelos mesmos.
NOTAS:
[1] O valor total dos 50 exemplares de “Confraria dos Poetas – III Antologia” será de até R$1.250,00;
[2] A Ficha Cadastral e o Termo de Compromisso serão enviados aos poetas pela Confraria após o envio das 10 páginas de poesia, 01 (uma) de apresentação e foto digitalizada.
quarta-feira, 28 de março de 2012
Walber Monteiro: "Entre o amor e o nada"
Entre o amor e o nada
A porta que se fecha
e separa agora dois mundos, leva pelas mãos do tempo a esperança inundada em
lágrimas.
E mata de tristeza o
amor que lhe ofereço como incenso.
Foi-se o tempo em que
seus olhos diziam-me tanto sem falar
E que o prazer de
estar juntos nos bastava.
A desordem da sala reflete
a de nossas vidas e revela que o fundo do poço ainda tem surpresas.
Mas insisto, me
ajoelho em frente a sua imagem e rogo pragas que só quem ama poderia.
Mas tua indiferença
continua tirando de mim tudo que é vida...
Resta agora muito
pouco e a dor que mais agride é a de não saber como partir, nem como
ficar
Walber Monteiro
Walber Monteiro: "Além da paixão"
Além da paixão
O gosto doce de teu
beijo ainda está comigo.
E tua ausência o faz
arder em minha boca, quando distante não te lembras de
voltar. Teu cheiro
ainda se confunde com o meu e teu amor, que escorre aos
litros, revela o
quanto te conheço.
Conheço-te como a
abelha conhece a flor e que lhe toma, como beijo roubado
o seu pólen. E que
conhecendo bem tão delicada dama, arranca-lhe, entre
suspiros de prazer, o
néctar que nem os deuses puderam.
Assim te conheço,
forte, larga, densa...
E mesmo que ainda
perdido entre a tênue linha do abismo que separa o tudo e
o nada não vacilo,
pois sei que te quero...
Quero-te, inteira.
Quero-te, já.
Quero-te, porque já
não saberia de outra maneira.
Então, complete-se de
mim.
Permita-se. Permita-me
ser...
... o vulcão que te
revela os segredos.
A paixão que te
queima a pele suada.
O vento que te
arrasta para o mundo.
E o amor que te traz
para casa.
Walber Monteiro
Walber Monteiro: "Paixão"
Paixão
A janela aberta deixa
entrar o mundo como espelho
E invade teu quarto
com a brisa que te dou como carinho.
Em noites como esta,
que ardendo em desejo
Me procuras em tua
cama.
Perdida entre lençóis
e nuvens que outrora tocavas com as mãos.
Mas teu corpo sabe a
resposta.
E grita aos quatro
cantos nossos mais loucos segredos.
Segredos estes, que
finges não lembrar com tua rotina.
Mas a névoa que
muitas vezes oculta o lago não o faz desaparecer.
E como a aranha em
sua teia, pacientemente te espero.
Pois sei que tens o
que quero, preciso e mais amo.
E sei que tenho o que
ama, precisa e mais quer.
Walber Monteiro
Walber Monteiro: "Todos os teus"
Todos os teus
Teus passos, teus
rogos, teu sono,
Tua paz, teu espaço,
teu silêncio,
Teu instante, teu
tempo, tua sala,
Teu jardim, tua
bebida, teu carro,
Teus olhos, tua arte,
teus sonhos,
Teus flertes, teus
pais, teu país,
Teus vícios, tua cor,
teus livros,
Teu trabalho, tuas
dúvidas, tua pressa,
Teus colares, teus
medos, teus amigos,
Tua TPM, tua
conveniência, teu surto,
Tua chance, tua
escolha, teu Sol,
Tua segurança, teu
sexo, teu prazer,
Teu mundo...
Walber Monteiro
Walber Monteiro: "Cesto de gávia"
Cesto de gávia
Observo a vida curta que cabe numa frase de um lugar seguro lá no alto.
E generalizo o que penso para que não doa.
Mas sentir é o dom supremo com que me presenteia.
Como brinca a vida, te quero na mesma proporção que não te tenho
E me deito para frente e para os lados na tentativa desesperada de te alcançar,
mas os vãos de meus dedos são maiores do que o amor que me tens.
E assim me perdes devagar. Por isso partirei, te deixando no primeiro porto.
Só te peço que até lá, permita-me ter de ti o suficiente para lembrar com
carinho de tua imagem, tua ausência, tua dor de cabeça, teus anéis, e os fios
de cabelo que me deixas como herança das noites em que fostes minha.
Noites que agora, muito longas, me fazem companhia.
Beijarei então seus lábios com angústia. Seguirei o meu caminho, agora sem certezas,
E escreverei então com sangue que o horizonte está no olhar de quem vê...
E meu amor, o quanto quis que você visse.
Walber Monteiro
Walber Monteiro: "Doce você"
Doce você
Sonho acordado lembrando de ti,
Sonho acordado lembrando de ti,
e de todos os doces
momentos...
Sinto seu perfume na
brisa suave,
e te toco a pele
fresca de orvalho.
Cantam cigarras o
amor dos que não estão lá
Ferindo-me o peito
com a dor da distância
Mas conformo-me em
saber que o bom da partida
é que sempre
voltas...
... com a saudade
diferente, com a esperança diferente,
Com o caminhar
diferente...
E o que encontras
também não é o mesmo.
Mas o mundo nunca
muda.
Cá fora é sempre
assim.
Por isso, nascemos e
morremos como raios de sol
De um dia que é
sempre
Melhor que todos os
outros.
Walber Monteiro
Walber Monteiro: "Mares"
Mares
Navego em mares
turbulentos
E avisto ao longe tua
sombra que vai...
Equilibro-me em
pranchas de piratas de sonhos
Num lugar onde antes
estavas segura.
Conto estrelas para
tentar me manter firme.
E olho para meus pés
que pisam o manto branco de areia
E só tua luz,
distorcida e fria, me dá alguma direção.
Seguem-me agora
correntezas que como eu, iam antes sozinhas
Ligando-se em dor e
fúria, lembrando de todos os seus mortos.
Mas há limites para o
fim...
... são apenas sete
as chances, sete ventos no caminho,
Sete anjos
embriagados, sete cores fustigadas
Em um só abismo de
viver.
Walber Monteiro
Walber Monteiro: "Solidão"
Solidão
Solidão a dois
é fria como a morte,
Desassossego pros
sentidos.
Fere e mata feito
peste.
Corta a carne como
faca, amolada com palavras.
Abandona-se a razão
de que o sentimento é o que importa.
E varrem-se, para
cima do tapete, tudo aquilo que passou.
Mas não me darei por
vencido...
Tirarei de minhas
vistas toda imagem que destoa daquilo que mais quero.
Quantas vezes
voltaremos ao começo?
Quanta língua ainda terei
que aprender prá poder te ensinar o que
Ainda não sabemos?
Walber Monteiro
Walber Monteiro: "Ventre"
Ventre
Sevo nosso leito cor
de rosa,
Com flores de meu
quintal.
E espero em dias
quentes
A confusão de seu
perfume.
Unto os meus olhos
com essências de alecrim.
E vejo, além de um
dia calmo,
A esperança de um
futuro que trará dentro de si.
Rirei então de tudo
neste mundo tão pequeno
E abraçarei no
espaço, de um momento infinito
Em que enches o meu
quarto,
Em que enches minha vida.
Walber Monteiro
Walber Monteiro: "O chão que ela pisa"
O chão que ela pisa
Adorarei o chão que ela pisa e marca em selo o
caminho suave que leva à luz. Com passos incertos que me confundem a alma, hoje
submersa na saudade, herança de quem ama. Adorarei a brisa suave que lhe toca a
pele e que me traz de lugares distantes o perfume de quem amo. E as flores
sabem de quem falo, pois a primavera nasce nela, vive por ela e morre. Só para
poder mais tarde, por ela, nascer de novo. Adorarei o verde, o rosa, o amarelo,
o vermelho do meu sonho... Todas as cores que ela inventou com seu sorriso. E
ela tem trezentos e sessenta e cinco destes. Um sorriso para cada dia do ano. E
cada um com um jeito diferente de iluminar minha vida e a de todos os outros
que, porventura, tenham a chance ou quem sabe a grande sorte, de cruzar o seu
caminho. Adorarei o toque quente de suas mãos e de seus lábios quando,
ternamente me beijar as costas. E me mantiver sob seus pés como fera abatida, o
seu prêmio perfeito. Sentirei que a pertenço no exato momento de teu flerte e
sem a menor intenção de resistir, atenderei obediente, seus mais loucos
pedidos. Adorarei o som de sua voz como a doce melodia que embala a vida, com
ritmos nativos de civilizações desconhecidas. ”E este som, meu amor, só você e
eu ouvimos. E entendemos quando é que o desejo e a coisa desejada se tornam
apenas um”. Adorarei o dia que a leva e a noite que a traz. E que o breve
momento de amar jamais seja suficiente para saciar toda sede, toda fome e todo
frio. E que este momento seja para ela fonte de confiança e que indique o
caminho, para que nunca tenha dúvidas, não de onde, mas de o porquê voltar...
Adorarei os seus defeitos e perdoarei seus erros, para que saiba que a amo, não
como um sonho com seus prazeres platônicos, mas como a realidade, que muitas
vezes fria, toca a carne e o osso. E esperarei que ela também me ame. E que me
amando me entenda. E que me entendendo saiba, pois o meu amor é simplesmente
isto.
Walber Monteiro
Walber Monteiro
Walber Monteiro nasceu em 1970. Natural da cidade de
Campinas (SP), veio para capital ainda
bem jovem. Ex-militante do movimento estudantil, foi coordenador do DCE
Helenira Rezende da Unesp, diretor de escolas públicas da União Estadual dos
Estudantes de São Paulo (UEE-SP), ex-membro do Fórum Estadual de Defesa da
Escola Pública (Fedep-SP). Atuou em teatro no grupo Macamã de Americana e foi
membro do conselho de cultura da cidade de Mauá, na área de literatura.
Servidor público, já exerceu funções como administrador regional, diretor de obras
e chefe de gabinete da Secretaria de Meio Ambiente em Americana, além de ter
sido, neste período, relator da pasta de meio ambiente da Região Metropolitana
de Campinas. Sindicalista, é diretor de relações internacionais do Sindicato
Nacional dos Servidores Públicos Civis do Brasil (UNSP). Graduando em Sociologia
pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fesp-SP) e membro
da Cátedra Celso Furtado. É secretário estadual sindical do Partido Comunista
Brasileiro e membro das coordenações nacionais da Unidade Classista e da
Intersindical. Vive atualmente em Mauá (SP).
Valéria Telles: "É pra você"
É pra você
Já não consigo dormir
Não estou fazendo drama!
Se estivesse, falaria
que meu coração
Está machucado!
Estou desistindo das
pessoas!
Não quero mais me
aproximar
E não quero que
ninguém se aproxime!
No fundo elas sempre
me machucam
Vou fazer uma escolha
De estar só e ser só
É melhor você partir
E perceber o que pra
mim é obvio!
Um dia quem sabe
Paro de acreditar em
horóscopo
E como pipoca no
cinema
Por enquanto fico com
meu drama
e você com sua
escolhas...
Esse seu dom de achar
que sabe tudo
e no fundo, lá no
fundo
Você também não quer
que eu me aproxime
Está com medo de
gostar!
Por isso vou
simplificar
Eu não consigo dormir
E você também não
Sei que também pensa
em mim
Então? Não me deixe
desistir
Pegue um táxi, seu
carro, um avião
E corra pra bem perto
de mim
E assim, quem sabe?
A gente consiga
dormir...
Valéria Telles
Valéria Telles: "Enter, delete e outras histórias"
Enter, delete e outras histórias
Eu nunca vou entender
Por que as pessoas entram em nossas vidas?
Fazem a gente se acostumar
Fazem a gente se apegar
E não estou falando de paixão
Estou falando de solidão!
E de você ter tantas pessoas
E querer apenas uma
Se acostumar com uma
Uns dizem “...deixa partir, se voltar...”
Papo mais furado, pra boi dormir!
Pior que eu queria que fosse verdade!
Mas... nessa altura!
Só posso acreditar em mim.
Não costumo me mostrar
Fraquejar, jamais!
Parece que nada me atinge
E assim sigo de concreto
Mas quando escolho
Quando me mostro
As pessoas parecem não se importar
Fingi não acontecer
E assim vou caindo e levantando
No meu mérito, no meu ritmo
E descubro que as pessoas morrem pra mim!
Demora!
Mas um dia acontece
E aí vira poema, vira saudade!
Vira passado!
Valéria Telles
Valéria Telles: "Inspiração"
Inspiração
Estou com medo!
Apressou.
E estacionou
Onde estou?
Valéria Telles
Valéria Telles: "Poderia ter sido bom, poderia ter sido especial, poderia..."
Poderia ter sido bom, poderia ter sido especial, poderia...
Por que não sou capaz,
de viver as superfícies?
Por que sempre fico me
aprofundando
intensamente em tudo?
Sempre imaginando que
algo me surpreenda
e que oportunidades não
podem ser perdidas.
Intensidade ou
idiotice?
Talvez minha fé
tenha sido mais uma
vez abalada.
Sofri pela
madrugada...
Não por ela, e sim
pela situação criada
e o meu mundo
imaginário desfeito.
Senti-me indefesa
como há muito tempo, não
me sentia
— festa estranha com
gente esquisita —
naquele momento eu só
a tinha,
momentaneamente,
estava vivendo e
suspirando por ela...
Como ela conseguiu fazer
meu mundo entrar em erupção?
Lembrei até do livro
“Meu pé de laranja-lima”
— Por que, meu
querido, Portuga,
contam mentiras às
criancinhas?
Se eu disser que foi
mágico,
se eu disser que não
foi Baco
se eu disser que foi
um suspiro profundo.
Todas as
alternativas...
Não sei, não sei...
poema-psicólogo,
é mais barato que terapia!
Valéria Telles
Valéria Telles: "Não quero mais"
Não quero mais
Não queria ser dura,
Mas você não me dá alternativa
Isso prova o quanto me conhece pouco
Chega a ser engraçado!
Que você é tão egoísta
Que não percebeu
Que aquela menina
Que chorava e você
Dizia que não poderia
nem ter como amiga
Cresceu! Parou de acreditar...
Agradeço pelas suas
escolhas do passado!
Se tivéssemos
Ficado juntas,
Uma teria destruído o sonho da outra
No fundo, você fez um pouco isso
Mas não a culpo
Gostava mais de você do que de mim
Me perdoa! Você era uma mentira
Que minha vaidade almejava!
Nunca daríamos certo
Ou melhor, nunca vamos dar certo
Nem como amigas!
Não espero que entenda
Mas isso não é uma crítica
Na verdade
Também espero que tenha mudado
Quero muito que cresça espiritualmente
Pare de jogar com as pessoas
E fantasiar por cima dos seus medos.
Assuma os erros,
E corra atrás dos seus desejos
A vida é dura!
Só as pessoas com coragem,
Determinação e bom coração
Conseguem enxergar que a felicidade
Pode estar ao lado!
Não me encaixo
Na sua vida
Meus sonhos e projetos
São outros
Não vou te ligar nem procurar
Espero que você faça o mesmo
E nesse momento
Respeite minhas escolhas
Quando eu penso no passado
E naquele apartamento
Não consigo enxergar felicidade
Desperdicei muitos anos
Para entender isso
E agora, fecho o círculo!
Fica bem!
Se cuida!
Valéria Telles
Valéria Telles: "Solidão"
Solidão
Acordei depois do absinto
Na verdade sem cinto.
Olhei pra cama
Não a vi
Será que imaginei
que alguém estava ali?
Escuto a vizinha
Do andar de cima
Um móvel pra lá
Um sofá pra cá
Nem pense em sintonia!
Será que também está sozinha?
Preciso beber água
E no espelho um ser habita
Me encara, me ignora
Está careca
Está sem pressa
Será que um dia vai embora?
Deito em frente à tv
E penso no menino
Que sobrou
Está com barba
Está com pressa
Mas não sabe
Onde chegou!
Valéria Telles
Valéria Telles: "Avenida Paulista"
Avenida Paulista
Paulista pára, é chuva!
Paulista pára, é passeata!
Paulista pára, é paulistano!
Paulista pára, é show!
Paulista pára, são os gays!
E a noite que fica clara!
Paulista pára, é vitória!
Paulista pára, é um pedido de paz!
Paulista pára, é Copa do Mundo!
Paulista pára, é o trânsito
São os carros que já não têm solução!
Paulista pára, é o farol
Paulista pára, é o Masp
Paulista pára, é gente que não acaba!
Paulista pára, é acidente
A sirene que a gente reclama e não entende
Quem nunca se apaixonou,
entre as lanternas e os faróis?
Quem nunca de despedaçou,
entre o ar e a poluição?
Se você quer pensar na vida
E arranjar alguma solução
Ande na Paulista
Entre o Paraíso e a Consolação
Valéria Telles
Valéria Telles: "Na cozinha com poesia"
Na cozinha com poesia
Maria, cadê o feijão?
Esqueci Zé e comprei sabão!
Maria, cadê a farinha?
Tava cara é a inflação!
Maria, cadê a abobrinha?
Como cê sabe que encontrei a vizinha?
Maria, cadê a galinha?
É pro santo e tá lá na esquina!
Maria, cadê o vatapá?
Azedou e o lixeiro levou
Mulher... tenho fome!
Ué, levanta essa bunda... e faz o arroz!
Mariaaaaaaaaaaaaaaa!
Maria cansou da cozinha
Viajou e voltou pra Bahia
Pra perto mar
Pra longe do Zé e do lar.
Valéria Telles
Valéria Telles: "Rotina"
Rotina
Olhos que enxergam o noturno
Que se pergunta o que está
Havendo com o mundo?
Mas todos são surdos!
Ou se fazem?
Cada dia fica mais fácil!
É a rotina!
Essas pessoas querem
Salvar o mundo
Qual deles?
Pessoas dentro de suas casas,
Seus abrigos de mentira
Sua dramática hipocrisia
Só Buda!
“Pára de fingir que não repara”
Dentro daquele com a cola na mão
Existe um coração!
Dentro daquele com a arma na mão...
Cada um com a sua imaginação
..............................................................
Ou será maldição?
Valéria Telles
Valéria Telles
Sou sócia e chef de
cozinha do Restaurante Bardo Batata. Faço parte da diretoria da Confraria dos
Poetas desde suas primeiras reuniões, em 2004. Das tardes com vinho e poesias, alastramos
o projeto 1.ª Antologia, lançado em 2007.
Minha inspiração é o cotidiano, os amores achados, as
paisagens perdidas e os amigos-família.
Escrevo contos e poesias pelo êxtase que isso me proporciona.
Tenho 29 anos, mas em alguns momentos parece que tenho menos
e em outros sou quase uma idosa. Culpa por ser de capricórnio, com ascendente
em áries e Lua em sagitário.
Costumo escrever cartas para amores e amigos, mas nunca as
entrego (me entrego). Mas confesso que me sinto realizada. O que importa é a
palavra eternizada. Com isso me contento!
Vivo intensamente os momentos da minha vida e não preciso de
muitas coisas para achar essa tal felicidade... Preciso de sorrisos sinceros e
olhos que mudam de cor... Canções e olhares me decifram e minha vida é um filme
de Almodóvar, David Linch e Quentin Tarantino.
Na boa, na boníssima, minha vida é uma aventura, uma história
de amor.
http://mundorelicariomundosurreal.blogspot.com
Sidney Dias - O Mestiço: "Propaganda enganosa"
Propaganda
enganosa
Atropelando,
engessando,
avançando,
enquanto resisto!
Querem que eu queira ter
sem ter,
querem que eu queira ser
sem ser,
Vida:
enlatada,
rotulada,
vendida!
Vida sem luz,
Condenada à escravidão,
na lógica do querer ter
sem ter,
no querer ser
sem ser,
labutar até morrer,
sem ter,
sem ser.
Sidney Dias - O Mestiço (2003)
Sidney Dias - O Mestiço: "Sonetos"
Sonetos
Tecido cor de sangue,
moldando teus seios
em contorno nítido,
como se estivessem nus.
Sorver o néctar
da bela ninfa,
nutrir-me com sua força
delicada de fêmea,
sutil, porém, tenaz.
Irreger com sêmen,
o que a natureza
preparou para a vida.
O teu ventre
a vida nova
que o mundo quer.
Sidney Dias - O Mestiço (04/2004)
Sidney Dias - O Mestiço: "A filha de Pseudon"
A filha de Pseudon
Marina,
sereia metamorfoseada em
mulher.
Teu sorriso encanta,
como encantava com a promessa
contida
em seu canto lírico,
marujos solitários,
aportados nas praias do novo
mundo.
Soldados de mar e terra,
arrastados para profundezas
abissais
com suas armaduras de metal
fosco,
tingidos de sangue nativo.
Esquecidos pelos seus amos,
ainda dormem nos profundos
abismos da obediência,
junto a “tesouros”
malfragados,
a espera de um canto,
um grito que desperte-os
Marina,
é mais uma história
que vem do mar.
Sidney Dias - O Mestiço (2003)
Sidney Dias - O Mestiço: "Primavera"
Primavera
Aquarela de cores
como arte de conteúdo
abstrato,
sentir o cheiro das flores
colorindo o mundo,
a natureza parecendo
brincar de arco-íris,
tapetes coloridos
enfeitando ruas monótonas,
onde as árvores quase topam,
zumbir de abelhas
cheirando flores caídas,
o sol morno
faz exalar cheiros confusos
de perfumaria.
Varrer não é preciso.
Flores não sujam.
Mesmo que caídas,
murchadas,
mortas.
Sidney Dias - O Mestiço (2003)
Sidney Dias - O Mestiço: "Denuncio no deserto"
Denuncio no deserto
Dia-a-dia de cão,
Segunda-feira lotação,
aumento do busão,
segregação.
A gente aceita.
A fome do primeiro dia,
a calçada em seguida,
indigência em ascensão,
corpos vivos em decomposição,
a gente aceita!
O silêncio fúnebre
pelas armas em ação,
guerra civil
declarada ou não,
Eldorado do patrão.
E a gente aceita...
Vitória!
da seleção Nike,
Carnaval Bank Boston, Brama,
Monsanto...
crianças trepando de montão,
pedofilia em oração.
Esculhambança do patrão,
humilhação da demissão,
degradação,
solidão!!!
E a gente acaba aceitando!
Sidney Dias - O Mestiço (04/2005)
Sidney Dias - O Mestiço: "Rebeldia pós-91"
Rebeldia pós-91
Com a tinta
deixo o meu grito
nos muros da nação,
promessas do parlamento
povo vota por obrigação,
semeiam terras alheias
recorde na safra de grãos,
exportação
transgênicos,
superávit primário,
milhões querendo pão
América Latina:
do latifúndio,
sem terra,
banqueiros,
bicheiros,
especuladores,
mendigos,
burocratas,
desempregados,
corrupção...
Trabalhador não tem lugar
na democracia do patrão,
votar por obrigação
é esculhambação,
humilhação,
é traição.
Tribuna popular,
é a cara,
vamos fazer revolução,
o sonho não morreu
libertação...
povo na direção,
assaltar os armazéns,
pegar de volta o nosso pão,
mandar a burguesia
sem poesia,
pró-museu de antiguidades,
sem lamentação.
A vida assim,
submissão,
ilusão,
democracia do patrão.
Eu, não quero não!
Sidney Dias - O Mestiço (2003)
Sidney Dias - O Mestiço: "Conflito de gente"
Conflito de gente
Gente que fala
gente que cala
gente que vai e vem
trabalho não tem.
Gente que tem
gente que nada tem
resta a grande gente
aceitar um vintém.
Gente que ri
gente que chora.
Levante!
Que já é hora.
Maioria de gente são
podem vencer a opressão
quando ousam levantar-se
menos gente pega o bastão
Sidney Dias - O Mestiço (2002)
Sidney Dias - O Mestiço: "Tenho fé"
Tenho fé
Malditas cercas
legitimando posse,
repartidas entre poucos.
Velhas dores de um mundo
velho,
dominado por pseudos líderes
velhos,
impondo idéias velhas,
reproduzindo um mundo velho,
destruindo as primaveras,
roubando o mel das colméias,
legitimado por ideologias
velhas.
Derrubam as cercas!
Rebelem as colméias!
Semeiem a liberdade!
Alastrem-nas como ervas
daninhas
pelos campos e cidades!
Serrem as grades das prisões!
Conquistem o mundo da vida!
Um dia,
esse planeta se chamará
planeta LIBERDADE,
os dominados de hoje,
escreverão suas histórias
amanhã,
ofuscados pela história
oficial dos dominadores.
Tenho esperança nas flores
dos jardins
que afronta o latifúndio
Sidney Dias - O Mestiço (2003)
Sidney Dias - O Mestiço: "O elo perdido"
O elo perdido
Em meio a essa escuridão
solitária,
ouso fingir da mesmice
teatral cotidiana,
ouso não cumprir papéis
determinados.
Fora dela,
reencontro a essência
da vida
usurpada pelas regras
ditas civilizadas dos homens
mortos.
Escuridão física:
vazio que me acolhe
no começar de novo,
refúgio necessário
nas orlas da existência,
renascer para o real,
das utopias longínquas,
meu reencontro com a luz.
Sidney Dias - O Mestiço (2003)
Sidney Dias Pereira
Sidney – O mestiço
Ele não nasceu para esse mundo!
Às vezes caminhávamos e seu olhar era infantil. Como se não entendesse o que estava fazendo aqui. Que vastidão era essa? Que mesmo em silêncio e sozinho ele queria entender.
Não sei, não deu tempo de saber. Sei que a sua vontade de vencer, talvez não fez perceber que era preciso voltar às raízes. Voltar ao seu centro para continuar. Na sua ideologia, voltar era sinal de fracassar e isso ele nunca admitiria. São Paulo foi seu lar adotivo, ele que era lá de Caratinga. O nosso Mestiço morreu em uma fatalidade em 2006, deixou esse mundo maluco, seus filhos, seus livros.
Às vezes, eu o odiava (principalmente no bilhar), mas naquela fase sem rumo, ele era companheiro dos poemas e copos de vinho.
Fez parte da primeira diretoria da Confraria dos Poetas.
Sidney estava em eterna busca por sua identidade, às vezes cigano, às vezes militar, às vezes estudante... Mas em todas elas amigo!
Por Valéria Telles
Sandra Oliveira: "Aborto"
Aborto
Gravidez
Fato
grave
Fato
novo
Desafeto
Desça
feto
Acaba
o fato
Feto
morto
Aborto
Sandra Oliveira
Sandra Oliveira: "Novelos"
Novelos
Não
me envolvo em novelos
De
conhecidas novelas (vários bis)
Com
velhas ovelhas negras do país
Que
de verde e amarelo
Só
na ponta
Aponta
o nariz
Sandra Oliveira
Sandra Oliveira: "O grito de Eduarda"
O grito
de Eduarda
Em
um dia de TPM
seus
desejos
e
anseios
de
todas as naturezas,
agonizados
“e
se não for assim
e
se não der certo
e
se tudo mal ocorrer?”
Ela
tem dúvidas
e
está impaciente
Inclina-se,
à
moda de Munch
põe
as mãos no rosto
E
expressa-se na vida:
.....................................................................................................
Sandra Oliveira
Sandra Oliveira: "Espera"
Espera
Olho-ólho-olho-ólho
Onomatopéia
de relógio
Longo
tempo
Tempo
passa
Impaciência
Sandra Oliveira
Sandra Oliveira: "Corujas"
Corujas
Sempre
ouvi dizer
Que
as corujas são sábias
Seus
olhos são grandes
O
bico, as asas
No
escuro, elas vêem
tudo
como ninguém.
Meu
deus!
Por
que as corujas piam
tão
assustadoramente
se
elas só sabem a verdade
e
jamais mentem?
Sandra Oliveira
Sandra Oliveira: "O olhar de 'Chá das cinco' ou Auto-piada do olhar de um vegetariano"
O olhar
de “Chá das cinco” ou Auto-piada do olhar de um vegetariano
Todos
reunidos
E
calmos
Só
se ouve o canto
do
tilintar das xícaras.
Cada
um em seu canto.
Ninguém
sabe o que houve.
Matou-se
um
porco,
o
presunto,
para que pudessem lanchar em paz
Sandra Oliveira
Sandra Oliveira: "Auto engano"
Auto
engano
Jurou
não repetir
quando
chorava com raiva,
noutro
dia.
-
a raiva serve apenas para aliviar o momento
do
depois, entretanto, do talvez
Mas
era sol, e estava feliz
O
sorriso claro
de
oi, água e dança.
“não
vou me enganar outra vez”
Sandra Oliveira
Sandra Oliveira: "Em um dia sobre a vida"
Em um
dia sobre a vida
Estou
assim,
meio
perdida
meio
achada...
meio
sozinha
com
vontade de largar o mundo
e
ver se ele anda sozinho
De
certo vai andar
e
talvez eu fique mais leve
Quero
ouvir the cure e esquecer da vida.
Minha
vida
pingo-a-pingo
cai
A
esmo,
cada
pétala
Vãos
todos
os pensamentos
Ao
lento,
toda
a pouca esperança
Sandra Oliveira
Sandra Oliveira: "Viva poesia"
Viva
poesia
Voe
como sopra
o
vento
Vire
o mundo
Cante
como toca
a
vida
Viva
poesia
Amor...
Loucura...
Quero
a vida
Viva
a poesia
louca!
Sandra Oliveira
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