Conto
Pendiam soltas entre dedos, as mãos,
Sustentavam-se frouxos nos lábios, um sim e um não,
Deslizava por entre os fios um vento que a buscava em seus
cabelos,
E ao encontrar sua face, rubra e lisa, arrepiava seus pêlos.
Seguiam-se sóbrios, seus dentes num sorriso,
Vago era o motivo, e breve, num dia impreciso.
Caminhava contra as próprias pernas,
Deixando pra trás um caminho de coisas eternas,
Sem querer saber da duração, nem do valor,
Esquecidos, há tempos, em um labirinto sem cor.
Zumbia ainda em seus ouvidos os sons do último dia,
Em sua febril ansiedade, se foi hoje ou no mês que passou,
já não sabia.
Só o que sabia, era agora ser livre, livre para ser quem nem
conhecia,
Mas descobriria, pois já não tinha medo, nem pressa, era como
sonhava.
Tinha novos pontos de vista, e tudo enxergava,
Sabia de todas as coisas, sem, no entanto, lembrá-las.
Altiva, flutuava leve sobre suas ruínas, mas sem pisá-las,
Estava perto do céu.
Rosa Panerari
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Gostou?! Comente!