Encontro
Uma vez, quis ser eu mesmo.
Chorei, solucei, balbuciei, sorri.
Não me importava mais quem me fazia
Eu me dei para mim naquele dia.
Era eu, ao menos uma vez.
Queria morrer, muito embora já estivesse morto.
Resolvi viver então.
E conheci alguém muito interessante
Que se chamava... Eu!
Ao ver Eu, ali na minha frente
Ou dentro de mim, sei lá
Quis cumprimentá-lo, mas estava tímido.
Eu me olhava profundamente. Em silêncio.
Seus olhos, muito parecidos com os meus,
Mas que pela profundidade com que me olhava
Tinha certeza que não me pertencia,
Me olhavam em recriminação.
Tristes, grandes, esbugalhados, sem paixão.
Me tremia todo, diante de Eu
Tão bonito, tão sério, elegante e simpático.
Minha fala emudecida, meu olhar condenador
E Eu olhava para mim, como jamais fizera antes.
Não nos dissemos nada,
Apenas nos entreolhamos. Em silêncio.
Dois corpos trêmulos e estranhos.
Quando quis ser eu mesmo,
Vi que Eu não morava em mim!
Luizinho Brito
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Gostou?! Comente!