AS VESTES E AS CRENÇAS DE AMOR
De tanto amar,
sai pus do canto dos meus olhos.
(disse meu oftalmologista)
Não há dúvidas. Sou humano. Sou
de carne, unhas, peidos.
Sou inteligente e sufoco a mudança dos hábitos.
Meu coração, queimado por uma vela branca,
é da madeira mais nobre, e que é a
mais chorosa também.
Não se encontra nos grandes comércios.
Nas grandes feiras matutinas. No shopping.
Ele é de ouro. E vai ser fundido às quinze
para as seis.
Eu,
amante das coisas
belas e sádicas. Peguei o
violão sobre a mesa de
jantar para sentir saudades.
Para sentir os peixes navegando na
noite dos beijos sinceros. Dos teus soluços.
Nós
passamos por cada apuro
na vasta floresta que fica no pomar.
Passamos frio quando transávamos dentro
do carro azul. Dentro de mim. De ti.
Do sol.
A vergonha é
seda e possui uma superfície
impura sobre a verdade
e se abre a relva cada vez mais
vermelha. Cada vez mais morangos. Isso já faz
tanto tempo que, de concreto,
apenas uma ressalva nos sobra.
O curral onde me deito
é novinho. Tem o cheiro dos famintos. Tem o cheiro do
mato virgem em pleno século XXI.
Perdoe-me ou dize-me
a verdade que vejo e
que sinto quando te arrepias.
Não guardes para ti. Guarde-o
para mim. Permita-me sorrir nos
últimos dias das flóridas. Permita-me
dizer se o que sinto era saudade
do nosso amor: o tutor.
Entro-te vivo
na cavidade mais
profunda. Um corpo
desnudo vestido de branco
espera-te. Pode confiar. Aproveita
e proclama todos os movimentos
sinceros. Todos os debates. Todos
os corpos triturados. Todos,
e só um com cheiro de lavanda.
De tanto
escrever, sinto que só
agora enxergas a verdade
mais intrínseca da sua miudeza. Sinto
que o fragmento no portão da
casa da rua Hermano Brandão, 990
descia até o abismo, até o doce recanto.
Não consegues provar
da doce magia. Estar no
altar com convidados ilustres, com
paletós e saias rodadas e
com as bainhas feitas à mão. Não
consegues ver o segredo. O
milagre desse sentimento dentro
do espaço é mais
verdadeiro que o rosto
daquela menina,
que, paralisado perante a
porta do céu,
insiste em acreditar nos andarilhos
que roçam sua epiderme e
que violentam
a razão através de uma
gravidez antibiológica.
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