LITROS
Havia três litros de leite na varanda
observando o movimento sobre o asfalto, na calçada, no dia
de São João.
E, assim como eu,
eles também percebem que ardem as blusas das moças
ao se aproximar o leiteiro.
Ele, jovem, fitava as carnes brancas dispostas
do lado esquerdo da rua, no batente onde o gato esperava,
descansado,
com sua língua rósea, o café.
Nenhuma dessas personagens
podia prever o que se passa agora em minhas mãos.
Elas, já suadas,
tremem,
já pensando em puxar o gatilho.
Mas o leiteiro que, na verdade, era um obsesso da polícia,
é surpreendido com um tiro
que veio da romaria que estava a se aproximar.
E foi assim o último suspiro do gato.
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