São Paulo some na garoa
A garoa consome os edifícios,
consome o sino da Achiropita
em três badaladas vagarosas.
O horizonte já havia sumido,
mas some de novo em São Paulo.
A garoa consome as antenas
e as pessoas que não encontram comunicação
perdem-se entre as poucas árvores
das avenidas.
As luzes conversam sozinhas.
Num mosaico caipira as
janelas também.
Acendem e apagam
na consumação da chuva.
O que provoca olhares
não são programas combinados.
É a garoa, marca registrada
dessa emoção.
Daqui alguns dias, ou
mesmo horas, _ camos sem ela.
Mas daqui alguns segundos
ela volta,
torrencial.
As composições consomem São Paulo.
A garoa some na garoa.
Não existe samba, nem de consolação.
Mas o verão chega logo,
é só uma questão de vento norte.
Benito Vasques
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Gostou?! Comente!