Provérbio
I
–
Ao que se verga o homem
Chama-se sonho
Ao que se treme o sonho
Chama-se novo
Ao que se banha o novo
Chama-se mundo
Ao que se vive o mundo
Chama-se tempo
Ao que se palidece o tempo
Chama-se fogo
Ao que se aquece o fogo
Chama-se vida
Ao que se tece a vida
Chama-se tombo
Ao que se ergue o tombo
Chama-se vôo
Ao que se plana o vôo
Chama-se salto
Ao que se faz o salto
Chama-se susto
Ao que se leva o susto
Chama-se medo
Ao que se deve o medo
Chama-se mistério
Ao que é mistério
Chama-se tudo.
II –
São todos os verbos
matéria das chamas secretas,
do segredo das casamatas savanísticas,
mimetizados em soluções e ambições
louváveis e nauseantes.
São todos os homens
filhos verbais da aventura,
das marcopolianas e das oníricas,
também filhotes da poesia satírica.
São todos os verbos desmanchados
ao mínimo esforço dos machados
cancerianos e salinos advindos
de mãos imateriais e felinas.
São todas as falas ornamentadas
por adereços cronometrados,
por feições alteradas ao
efeito das drogas do mercado.
III –
Quando noite sem lua
É mais iluminado um cigarro
Todo esforço do fraco
É músculo de desembaraço
Em queimadas as verdades,
Só mente o amor.
Benito Vasques
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