O porvir
O porvir
É o bandido
Que surpreende a cada esquina
É o retrato
Que envelhece sem crescer
É a lembrança
De alguém que vi no espelho
A saudade
Do ente que se foi e está vivo
O arco-íris
Parece inesperado
A Lua é presente
De indecifrável obviedade
Luzes amarelas
Ofuscam as ruas
Cada passo
Uma faca no pescoço
Um tiro que vaza
Um lampejo de um adeus
Que ainda não veio
Os olhos que cruzam
E se encontram na vitrine
Mas se desconhecem
A vida não pára
Mesmo a cada morte
Sacolas tropeçam
Por entre multidões
Cada instante
São piscadelas do futuro
O que vem
É sólido
Quando passa
Na rede da lembrança
Ou na cisterna do esquecimento
E seguimos
Deixando a multidão para trás
Na rua espremida
Mas, sempre alguém nos observa
Sem evitar que o piano caia
Nem que o caminhão fure o sinal
Gabriel Fialho
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